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Direito & Justiça

Sargento Tânia Guerreiro: uma carreira dedicada ao combate à pedofilia

Palestras da subtenente da Polícia Militar são pesadas e mostram uma triste realidade

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Pedagoga, pós-graduada em metodologia de enfrentamento à violência contra criança e adolescente e subtenente da Polícia Militar do Paraná há 35 anos, Tânia Guerreiro tem desenvolvido um papel importante no combate à pedofilia. Há cerca de 30 anos, a sargento Tânia, como gosta de ser chamada, realiza palestra em todo o País, buscando levar conhecimento e orientação para todos os cidadãos.

O interesse pelo assunto apareceu depois de começar um trabalho com crianças desaparecidas em situação de risco. A sargento lembra que foi criado, na época que iniciou o trabalho na área, o Movimento Nacional em Defesa da Criança desaparecida do Paraná, ao qual se dedicou integralmente, viajando para outros Estados em busca de crianças.

 

 

Tânia trabalhou também como convidada na Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) no Canadá e na Hungria. Além de fazer parte do Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) e ter o título de única policial militar capacitada no Brasil em pedofilia. Ajudou, ainda, a desenvolver manuais para o Governo do Estado do Paraná com dicas de segurança com o objetivo de orientar profissionais da polícia a lidar com as vítimas e com os agressores.

PALESTRAS

Mesmo já na reserva, a sargento continua atuando na realização de palestras, principalmente no Paraná. As apresentações são voltadas para maiores de 18 anos, porque há cenas de sexo. “Minhas palestras são muito pesadas, não alivio mesmo, porque a pedofilia é algo muito violento, não tem como aliviar. É a realidade nua e crua. Falo exatamente como o pedófilo age com crianças de cinco a seis anos e como ele age depois. Coloco cenas de filme baseado em fatos, como o caso de uma babá que mantém relação sexual com uma criança, caso que peguei no norte do Paraná, a palestra é extremamente pesada. Os pais saem prontos para que não aconteça com eles”, declarou Tânia.

 


“A palestra é extremamente pesada. Os pais saem prontos para que não aconteça com eles”, destacou a sargento

 

Segundo a sargento, não é possível afirmar que as famílias são omissas com relação ao combate à pedofilia. “Como quase 90% dos casos é com pai e padrasto, sendo 67% com padrasto e 20% com pais, são números assustadores, fora as mães, porque tem muito caso de mãe pedófila, irmão mais velho, tia, primo, amigo da família, avôs”, disse.

MULHERES PEDÓFILAS

De acordo com a sargento, as mulheres que abusam sexualmente de crianças e adolescentes correspondem a 10% dos agressores. “Elas existem e estão dentro de casa, dentro das famílias. É um número significativo, de mães que deveriam proteger, são mães abusadoras, mas o pior é a mãe conivente. 90% das esposas dos pedófilos são coniventes, quando as crianças contam, elas acham que estão inventando, principalmente se for o padrasto”, expôs.

Por isso as denúncias por outras pessoas fora da família, como pelos vizinhos, são tão importantes. Além da fundamental atenção da comunidade escolar. “Há também o papel do professor, porque quando a mãe é omissa, o professor é a salvação, por isso eles têm que estar capacitados. Em virtude disso, eu também faço palestras para eles. O que precisa é os municípios chamarem a gente para trabalhar. Os núcleos regionais de educação precisam chamar a gente para trabalhar. O professor é fundamental nas ações contra a pedofilia”, declarou Tânia.

A criança, segundo a sargento, não fala que está sendo abusada, mas mostra através de comportamentos e, após a capacitação, os professores estarão preparados para diagnosticar os casos. Já que apenas 1% dos casos no mundo são pegos em flagrantes.

SOCIEDADE OMISSA

Com tantos casos sendo expostos na mídia, com tantas informações sendo divulgadas, onde a sociedade peca? Para Tânia, a falha está na omissão dos fatos. O assunto é terrível, fere muitas pessoas, mas mesmo assim deve ser resolvido da forma correta e esconder os casos não deve ser uma opção das famílias.

A saída, para ela, seria a criação de políticas públicas que possam mudar a situação na prática. “Não adianta ter uma frente parlamentar de combate à pedofilia, mas o que essa frente efetivamente faz. Por que não estamos nos municípios capacitando conselhos tutelares, agentes de saúde, enfermeiros, pastores, padres, lideranças, multiplicadores?”, indagou a sargento Tânia.

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