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Meio Ambiente

Projeto registrou mais de 10 mil animais encalhados no litoral do Paraná em três anos

Menos de 15% são de animais vivos, a maioria é composta por aves marinhas e costeiras, tartarugas-verde e lobos marinhos

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O Projeto de Monitoramento de Praia da Bacia de Santos (PMP-BS), no litoral do Paraná, já registrou mais de 10 mil animais encalhados em apenas três anos, entre aves, mamíferos e tartarugas marinhas. Foram cerca de 60 espécies, muitas delas classificadas como ameaçadas de extinção, devido a interações negativas com atividades humanas e mesmo por consequência da degradação do ambiente costeiro e marinho. Menos de 15% dos animais foram encontrados vivos, a maioria sendo representada por aves marinhas e costeiras, tartarugas-verde e lobos marinhos.

O monitoramento das espécies é realizado por profissionais do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC), presente no Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (CEM/UFPR), campus Pontal do Paraná.

Entre os animais encontrados, mais de 50% foram aves, sendo as principais espécies registradas os pinguins-de-magalhães, os albatrozes e petréis. (Foto: Equipe Laboratório de Ecologia e Conservação CEMUFPR – projeto PMPBS)

A pesquisadora do CEM e coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação e do Projeto de Monitoramento, Camila Domit, contou que entre os animais encontrados, mais de 50% foram aves, sendo as principais espécies registradas os pinguins-de-magalhães, os albatrozes e petréis e mesmo as aves costeiras conhecidas como fragatas, mergulhões e gaivotas.

Quanto às tartarugas marinhas, as cinco espécies com ocorrência no Brasil foram registradas no Estado e a tartaruga-verde é a mais frequente.

“Mamíferos marinhos como baleias, golfinhos, lobos e leões marinhos, e mesmo focas, foram registradas em três anos. Os botos-cinza e a toninha são duas das espécies ameaçadas com muitos registros de encalhe, uma grande preocupação à sociedade acadêmica e de gestão ambiental e fauna do País. Entre os lobos marinhos, as ocorrências de animais vivos que vêm à costa paranaense para descansar foram ainda mais frequentes ao longo deste último ano”, afirmou Camila.

MORADORES E VISITANTES

Foram mais de 60 espécies verificadas, algumas ameaçadas de extinção. (Foto: Equipe Laboratório de Ecologia e Conservação CEMUFPR – projeto PMPBS)

A pesquisadora explicou que diversas espécies são residentes na costa do Paraná e aparecem na região ao longo de todo o ano, o que é evidenciado pelos encalhes.

“Entretanto há espécies migradoras que visitam a região em estações específicas, como algumas aves (albatrozes, trinta-réis) e lobos marinhos. A maioria dos migradores chega ao Paraná entre abril e outubro e é evidente um aumento significativo de encalhes neste período do ano”, relatou Camila.

Quando encontrados, em sua maioria, os animais já estão mortos e em estágio de decomposição. Uma parcela mínima é de animais encontrados vivos, que são resgatados para serem cuidados pelos pesquisadores.

Animais encontrados mortos indicaram presença de lixo no trato digestório. (Foto: Equipe Laboratório de Ecologia e Conservação CEMUFPR – projeto PMPBS)

“Menos de 15% dos encontrados são de animais vivos, a maioria sendo aves marinhas e costeiras, tartarugas-verde e lobos marinhos. No entanto é importante destacar que a equipe já atendeu encalhe de baleias e golfinhos vivos, assim como fez o registro e monitoramento de tartarugas marinhas em atividade de desova (raras mais registradas no Paraná para a tartaruga-de-couro e de tartaruga-cabeçuda)”, ressaltou Camila.

CAUSAS DE ENCALHE

Segundo a pesquisadora, entre as causas que provocam o encalhe dos animais está a desnutrição e a debilitação da saúde do animal por estresse e redução da atividade do sistema imunológico. Já nos animais encontrados mortos, o projeto identificou interação negativa com petrechos de pesca, como redes, e também com lixo presente no trato digestório.

“Claramente, os animais registrados e analisados pelo projeto evidenciam a redução da qualidade do ecossistema e o fato destes animais estarem expostos a impactos múltiplos, contínuos e com efeitos conjuntos no ambiente ou mesmo de efeito direto”, disse Camila.

O reflexo desses impactos mencionados é visto em tartarugas com cortes graves na carapaça, o que indica colisão com embarcação ou espinhel preso na garganta. Os golfinhos também são mortos por rede de pesca com alto nível de contaminação química. Já a vida das aves é ameaçada pela agressão humana.

Equipes de pesquisadores fazem o monitoramento dos animais encontrados na costa do Paraná e o resgate daqueles que ainda tem chance de vida. (Foto: Equipe Laboratório de Ecologia e Conservação CEMUFPR – projeto PMPBS)

“Estes são alguns dos resultados que obtivemos e que temos discutido com os órgãos ambientais locais, federais e mesmo com instituições internacionais. A mudança de postura da sociedade como um todo quanto à necessidade de mudança de ações e de ordenamento de atividades humanas para redução de impactos para a conservação dos ecossistemas marinhos e da fauna é urgente e fundamental”, alertou Camila.

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