conecte-se conosco

Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

Lixo x Patrimônio

Esta semana mais uma vez deparamos com um fogão de quatro bocas, esmaltado, com tampa de vidro de origem ignorada, largado na esquina do nosso IHGP.

Publicado

em

Esta semana mais uma vez deparamos com um fogão de quatro bocas, esmaltado, com tampa de vidro de origem ignorada, largado na esquina do nosso IHGP como que a pedir socorro para fazer parte do nosso acervo…Daí me perguntei: “ Quando o lixo deixa de ser lixo e vira patrimônio? ” Pesquisei, encontrei e tomo a liberdade de reproduzir partes do texto de uma matéria que acho pertinente sobre.

Segundo a Dra. Martha Helena Loeblein Becker Morales, Doutora em História pela Universidade Federal do Paraná; coordenadora de produção e autora do texto Tudo vira lixo: Patrimonialização do Descarte. “A atribuição de valores que torna o lixo um luxo é parte inerente das decisões acerca da patrimonialização. O objetivo do artigo é incitar um debate sobre o lugar da cultura material contemporânea nos processos de patrimonialização, exemplificado no caso do Museu Paranaense e suas políticas de aquisição e descarte de acervo”.

Apesar do circuito bastante comprometido com a exposição do período oitocentista, a materialidade do século XX começa a despertar o interesse da instituição. Surgem, por conseguinte, dúvidas a respeito dos limites entre passado e presente, dos objetivos institucionais e os problemas em torno da expografia da contemporaneidade. Enfim, se vivemos em um momento histórico no qual tudo pode virar lixo, a reflexão acerca da categorização deste universo tangível é um âmbito tão polêmico quanto fértil que possibilita transformar a maneira como construímos o passado e como vivemos no presente. ”…Pensar o patrimônio, construir a sua história, deveria ser um exercício crítico constante em relação aos diferentes significados que o conceito assumiu ao longo do tempo. Refletir sobre as mudanças conceituais do patrimônio, auxilia na sua separação de noções similares, como a de herança, que implica ao mesmo tempo numa obrigação de gestão e num sentimento de posse e pertencimento. O patrimônio, histórico e/ou cultural, é uma das formas mais claras de construção do passado, com finalidade instrumentalizadora. Até a Constituição de 1988, a concepção de patrimônio histórico e artístico no Brasil permaneceria a mesma da legislação de Getúlio Vargas na década de 1930, fundamentalmente associada ao patrimônio edificado (NIERO,2004). Os novos artigos constitucionais, porém, trariam um novo entendimento da diversidade implícita às culturas, inclusive sendo o termo patrimônio histórico suplantado por patrimônio cultural. (A integra do texto está à disposição no google).

E o citado Fogão, a quem pertencia? Quantas delícias ajudou a cozinhar? Fazia parte do acervo de qual família, ou pessoa? Foi descartado, com ingratidão, de forma mal educada, poluindo o meio ambiente e a visão das pessoas e turistas que visitam o Berço da Civilização Paranaense.

Di Rodrigues Alves

Continuar lendo
Publicidade










Em alta

plugins premium WordPress