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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

A educação feminina

Certamente, já ouviu falar de Frida Kahlo, artista que superou vários traumas durante a vida e que marcou a arte com seus quadros que retratavam toda a dor e sofrimento.

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No cenário atual, conhecemos mulheres ocupando cargos nos mais distintos níveis de formação acadêmica, professoras, doutoras, mestres, advogadas, engenheiras, arquitetas, cientistas, todas elas com uma história inspiradora para contar. Quem nunca ouviu falar de Marie Curie, a primeira mulher a receber o prêmio Nobel de Física. Quem já ouviu falar de Nise da Silveira, médica psiquiátrica brasileira que lutou contra as formas agressivas e violentas de tratamento psiquiátrico. Certamente, já ouviu falar de Frida Kahlo, artista que superou vários traumas durante a vida e que marcou a arte com seus quadros que retratavam toda a dor e sofrimento. Frida conquistou seu espaço no mundo da arte e se destacou em um meio onde o trabalho dos homens era mais valorizado. Cabe ainda, lembrar da doutora Zilda Arns, médica que dedicou grande parte de sua vida a ajudar de milhares de crianças. De fato, tantas outras mulheres poderiam ser citadas ao longo desse texto, Irena Sendler, Malala, Simone de Beauvoir… Todas elas e as suas histórias nos contam sobre coragem, força, inteligência e luta, sim, luta por um mundo onde as mulheres possam sonhar e conquistar os seus sonhos.

O presente texto que se iniciou contando um pouco sobre mulheres que inspiram, serve também para alertar que nem sempre foi assim, para cada direito feminino conquistado foi travada uma verdadeira luta. Basta lembrar, como reitera Fernanda Fernandes, que as mulheres ingressaram na escola tardiamente e com formação voltada para os cuidados com o lar e a família. Nas leis portuguesas, o sexo feminino fazia parte do imbecilitus sexus, ou sexo imbecil, uma categoria à qual pertenciam mulheres, crianças e doentes mentais. Essa ideia persistiu no Brasil Colônia, onde também eram comumente declamados versinhos como: “mulher que sabe muito é mulher atrapalhada, para ser mãe de família, saiba pouco ou saiba nada”;  "a mulher honrada deve ser sempre calada"; e “mulher que sabe latim não tem marido, nem bom fim” – muitos dos quais encontrados na literatura de escritores portugueses do gênero masculino.

A reforma educacional pombalina representou uma primeira tentativa de transformação da instrução feminina. Com Pombal, oficialmente, as mulheres tiveram permissão para frequentar salas de aula e o magistério público surgiu como mercado de trabalho para elas, que poderiam dar aulas apenas para moças. Com a vinda da família real portuguesa, em 1808, a educação feminina, de forma geral, continuou a mesma. Durante o período do Império Brasileiro, ainda que as mulheres tenham começado a ter acesso à instrução das primeiras letras, eram desobrigadas de cursarem o ensino secundário, cuja função era preparar os homens para o ensino superior. O ingresso nos cursos superiores foi mais uma luta enfrentada pelas mulheres.

Apenas em 1879, o governo imperial permitiu, condicionalmente, a entrada feminina nas faculdades. As candidatas solteiras deveriam apresentar licença de seus pais; já as casadas, o consentimento por escrito de seus maridos. Embora oficialmente aceitas na graduação, o número de mulheres inscritas para tal foi irrisório por muito tempo. As razões para isso vão desde o preconceito da sociedade até a impossibilidade de elas frequentarem os melhores cursos preparatórios, dificultando a entrada no ensino superior. Após conquistarem o acesso aos cursos superiores, as mulheres seguiram progredindo no campo da educação, tornando-se mestras e doutoras em diferentes áreas do saber. Durante a segunda metade do século XX, a presença delas cresceu expressivamente na educação, tanto como força de trabalho, quanto na participação em todos os níveis de formação.

Se hoje temos a possibilidade de estudar, trabalhar e ser independente, a história nos ensina que nem sempre foi assim, conhecer o passado é importante para conhecer nossos direitos, lutar por igualdade, sobretudo, para valorizar a luta das mulheres que enfrentaram os mais diversos tipos de violência para conquistar os direitos que temos hoje, direito ao voto, direito de trabalhar, de estudar, de escolher e de sonhar.

Priscila Onório Figueira

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