A corrida do tempo

Foi em alguma sala de espera de algum consultório: ao folhear uma revista do tipo resenha semanal, reparei que ela era de três anos atrás. Estava achando estranho mesmo, o conteúdo da matéria, pois se tratava de assunto já ultrapassado sobre atos de corrupção em algum órgão governamental.

Digo ultrapassado, não pelo fato de ter sido esclarecido, mas sim pelo esquecimento a que foi relegado. Semanas ou até mesmo poucos dias após aquela publicação, a repercussão do tema já não atrairia os leitores necessários para justificar sua permanência nas valiosas paginas do semanário.

Ao invés de me contrapor àquela situação especifica, deparei-me em reconhecer de como a vida pode nos oferecer a facilidade e a felicidade de suportar as feridas ou de nos avisar sobre a fragilidade de nossas conquistas. 

É inevitável nossos dramas ou vitórias pessoais ficarem gravados seja na memória, seja no coração. Mas, como é bom que rapidamente eles possam se estabelecer em um plano secundário de nossas prioridades de vida, dando lugar a novos sonhos, novas frustrações, temperando nossa existência com o sal, o açúcar ou a pimenta das coisas do dia a dia.

E assim, a roda do tempo continua a se mover, levando-nos a um futuro, que será presente, que será passado. Cada conquista e cada derrota nos forjarão, moldando, aplainando e aparando nossos sentimentos, mas, principalmente, nos preparando para outras tantas que estarão reservadas nessa maravilhosa aventura que é a nossa vida.

José Eduardo Carvalho

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