Fregonese deve priorizar modelo de gestão implantado na APPA

O atual diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Lourenço Fregonese, tem uma história de 16 anos na área portuária. Antes disso, por quatro anos atuou como secretário municipal de Curitiba e dois anos na Agência de Fomento. Na área política foi deputado estadual, se destacando como presidente da comissão de finanças na Assembleia Legislativa do Paraná. Desta forma, são 22 anos de vida pública.
Agora, enfrenta um novo desafio, o de deixar o cargo de diretor comercial na APPA e assumir o cargo de diretor-presidente. Segundo ele, o modelo de gestão implantado por Luiz Henrique Dividino será mantido e até o fim do ano novos projetos já idealizados devem ser concluídos. A responsabilidade, como ele mesmo relata, é grande, porém o Porto de Paranaguá vem de uma gestão positiva que tem sido destaque em todo o País e no mundo, pois tem atraído cada vez mais novos investimentos. Tudo isso projetou o porto nos últimos anos a outro patamar, que, ao que tudo indica, deve ser mantido pela atual gestão. Confira a entrevista:

Folha do Litoral News: Como é assumir o porto após anos de experiência como diretor comercial e empresarial?

Fregonese: É uma responsabilidade enorme. Sou muito tranquilo, não tenho medo de enfrentar as situações. Mas estar no lugar de uma pessoa que foi o melhor diretor da área portuária do Brasil, não é brincadeira. Como eu já trabalho com o Luiz Henrique Dividino há mais de 16 anos, há muito tempo a gente tem um norte. Vou buscar a continuidade, pois somos respeitados como o melhor porto do Brasil. O próprio governador disse nessa semana que o presidente internacional da Volkswagen acredita que o Porto de Paranaguá é o melhor do Brasil. Não sou nascido em Paranaguá, mas sou cidadão honorário de Paranaguá, por isso para mim é uma honra continuar o trabalho que foi iniciado, pois só saiu o comandante, por vontade própria, acredito que ele tenha servido ao Brasil e ao Paraná e não só a Paranaguá. A nossa equipe é muito boa, comprometida e vamos continuar as obras que temos que tocar, no berço 201, já preparar a nova dragagem de manutenção dos próximos cinco anos, terminar os projetos que ainda estão em curso e esperar o novo governo, no qual esperamos que seja de continuidade do bom governo que se instalou aqui no Porto de Paranaguá.

Folha do Litoral News: O que as obras de revitalização da Avenida Bento Rocha e construção do viaduto no km 5 representam para a cidade?

Fregonese: Acho que as obras são o maior desejo, posso dizer que é até um sonho. O projeto dessas obras foi preparado pelo senhor Ozires Guimarães e quando o Eduardo Requião assumiu eles tocaram esse projeto para frente. Só que na época eles não fizeram como deveria ser feito, fizeram a concretagem para durar 20 anos na Avenida Bento Rocha e ela não durou dez. E, agora, vamos fazer a drenagem para depois virem as placas de concreto, iluminação e ciclovia, tudo estará lá. Nós temos um problema em Paranaguá porque temos quase um istmo, só temos a Avenida Ayrton Senna e a Bento Rocha, são as nossas duas vias que recebem a economia do Estado do Paraná, toda a indústria, toda a agricultura, cinco mil caminhões em média por dia, é uma grande responsabilidade. Vamos começar essas obras com recursos totalmente da APPA para construção do viaduto, a obra da Avenida Bento Rocha é 85% da APPA e 15% do DER e, ao todo, são R$ 40 milhões e vão amenizar os problemas que tanto incomodam a população de Paranaguá. Agora, o porto é responsável por 80%, direta e indiretamente, do mercado de trabalho da cidade.

Folha do Litoral News: Recentemente, foi destaque a movimentação recorde de cargas no porto, qual a relação com os operadores portuários para manter esses índices?

Fregonese: Temos uma grande parceria, temos muito diálogo, tudo foi resolvido conversando, escutando, dando opiniões, mostrando as ideias e, dessa conversa, a própria sociedade organizada e a própria comunidade portuária tinha seus receios, mas quando começaram a ver a linha que foi dada na gestão e depois na infraestrutura e depois nas atitudes, nós investimos praticamente R$ 800 milhões, temos mais R$ 450 milhões até o ano de 2020, a iniciativa privada investiu R$ 3,2 bilhões e nós temos mais R$ 5 bilhões, alguns já acontecendo.

Folha do Litoral News: Qual o senhor poderia citar?

Fregonese: A ampliação do TCP, que tem mais de 1.200 pessoas trabalhando naquela obra e vai impactar muito na cidade. Essa empresa chinesa é a maior empresa do mundo, ela não veio à toa. Ela olhou o terminal, viu que tinha solução, um porto em solução também, que oferece dragagem, infraestrutura, e decidiram pelo investimento aqui. Essa empresa vai triplicar o número de movimentação em Paranaguá. Consequentemente, se estudarmos o que essa empresa faz, ela tem uma filosofia de porto, “cidade e indústria”. Os produtos chineses são os nossos maiores parceiros comerciais e a gente acredita que nos próximos quatro ou cinco anos, Paranaguá será uma outra cidade, que terá indústrias provocadas pelo modus operandi dessa empresa, essa é uma realidade. Fora os novos investimentos que estão por vir, só no cais leste com o aumento de 110 metros na revitalização da exportação, dos dois novos shiploaders, novas correias transportadoras, nós devemos sair de um berço de 2 milhões para 6 milhões de toneladas. Com isso, já temos quatro novas propostas de empresas que querem se instalar do lado oeste para ter uma movimentação somente deste lado 70% a mais do que é hoje. Esta conclusão é extremamente técnica.

Folha do Litoral News: Qual o modelo de gestão que pretende adotar no Porto?

Fregonese: Não vai mudar nada, a governança continua a mesma, pois nós temos uma linha de conduta. Nós, até hoje, conseguimos entregar tudo aquilo que conversamos e prometemos e isso vai continuar. O exemplo que sempre digo é o que saímos do 26.º no índice de desenvolvimento ambiental e hoje somos o 1.º. A gente foi buscar. É por aí que começamos a acreditar que uma empresa pública pode ser tão bem ou melhor do que uma empresa privada.

Folha do Litoral News: Você deve ficar no cargo até o fim do ano, quais os maiores desafios até lá?

Fregonese: Primeiro, o de terminar tudo que está no nosso cronograma, não temos muito mais o que fazer em nove meses, pois uma licitação leva seis meses. Mas, o maior desafio é continuar, principalmente pela questão da dragagem. Porque a dragagem é o nosso maior ativo e você dando tranquilidade ao mercado que a profundidade será mantida, o sucesso é garantido. O porto está cada dia mais produtivo, cada dia mais seguro, isso é um grande legado, além da cultura que foi implantada. Acredito que a comunidade portuária já assimilou muito bem, mas a cidade deveria se orgulhar de ter o melhor porto do Brasil. 

Folha do Litoral News: O que o porto modernizado trouxe de benefícios para a cidade?

Fregonese: Os investimentos, que não acontecem do dia para a noite. Todo mundo está olhando Paranaguá com outros olhos, exemplo disso é a Volkswagen, como disse, e a Renault, que devemos licitar uma área do Governo Federal, que é o novo parque de automóveis, com 120 mil metros quadrados, pois já somos o 2.º porto em movimentação de veículos. Cada vez mais as marcas têm procurado o Porto de Paranaguá, isso quer dizer que temos uma boa mão de obra, uma gestão clara, transparente e isso nos dá muita tranquilidade e aqui as coisas são cumpridas. Nós nunca atrasamos um pagamento a nenhum dos nossos fornecedores, isso quer dizer segurança, não é à toa que estamos onde estamos hoje. 

Folha do Litoral News: Deixe suas considerações finais.

Fregonese: Eu acredito que com a dragagem de cinco anos, nós temos dez anos para a frente de tranquilidade. Não sabemos como será o governo nos próximos anos, mas deixaremos a casa arrumada e com projetos até 2030. Quando chegamos aqui, o porto não tinha projetos, nenhuma licença ambiental e hoje temos várias. Estávamos nas páginas policiais e hoje estamos nas páginas de economia, isso é um grande avanço.