conecte-se conosco

Entrevista

Dezembro Laranja é voltado para a prevenção do câncer de pele

A dermatologista, Dra. Marcia Costa, afirmou que as chances de cura são altas para a doença

Publicado

em

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) indica que o câncer de pele corresponde a 33% de todos os diagnósticos deste tipo de doença no Brasil. A cada ano, no País, são 180 mil novos casos. A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. No entanto, quando descoberto, as chances de cura são de 90%.

Quem explicou essas e outras questões sobre o câncer de pele foi a dermatologista Dra. Marcia Costa, que atende pela Unimed, em Paranaguá. Alguns sinais podem indicar a doença e alertar para a procura de um médico, que pode fazer o diagnóstico correto. Nos casos afirmativos para o câncer de pele, o tratamento tende a ser simples, geralmente somente a cirurgia já promove a cura do paciente. Confira:

 

Folha do Litoral News: Quais os sinais do câncer de pele?

Dra. Marcia: Existem vários tipos de câncer de pele. Existem os melanomas e os não-melanomas. Melanoma é aquele de que temos mais medo, é agressivo e realmente mata e o Dezembro Laranja é voltado para este tipo. O melanoma normalmente é uma mancha escura e o não melanoma geralmente não é pigmentado, é avermelhado ou da cor da pele. Quanto ao melanoma, o que temos que prestar atenção é se apareceu uma mancha nova ou se uma mancha antiga se modificou. Normalmente, usamos o método ABCDE. O A, a gente olha para a mancha e tenta passar uma linha imaginária, se um lado for igual ao outro ela é simétrica. O B é a borda, se ela é regular ou se possui curvinhas. O C é de cor, se é homogênea ou muito variada. O D é de diâmetro, maior que seis mm chama mais atenção, no entanto, eu já fiz diagnóstico de melanoma com 2 mm. E o E é a evolução, às vezes uma lesão de nascença que nunca gerou desconfiança, muda de cor ou começa a coçar. Nem todas as manchas com essas características são melanomas. O câncer mais prevalente no Brasil é o de pele, o não-melanoma.

 

Folha do Litoral News: Existem alguns locais do corpo em que é mais comum o aparecimento de câncer de pele?

Dra. Marcia: O melanoma pode aparecer em qualquer lugar, inclusive fora da pele como na retina, na meninge. Porém, entre os homens é mais prevalente nas costas e, nas mulheres, nas pernas. Mas, pode aparecer nas unhas, por exemplo, que ficam com uma faixinha preta.

 

Folha do Litoral News: Quem tem mais predisposição ao câncer de pele?

Dra. Marcia: Pessoas de pele clara. Há uma classificação que é de 1 a 6, 1 sendo o cara da Noruega e 6 sendo um nativo da África, que não tem nenhuma miscigenação. Pessoas de cabelo ruivo, com históricos de câncer de pele na família, olhos claros, sempre há maior risco. Isso não quer dizer que os negros não tenham risco, menor, mas têm. O negro tem uma particularidade, o tipo de melanoma que pode acontecer é o acral, que ocorre nas extremidades como dedo do pé. O melanoma pode, inclusive, não ter cor. É raro, mas existe. Não cheguei a ver até hoje um paciente assim. O melanoma é sempre um diagnóstico desafiador para o dermatologista, porque queremos achar todos, e a análise é por pequenos detalhes, por isso optamos por pedir a biópsia a deixar para lá.

 

Folha do Litoral News: Por que as chances de cura são, felizmente, tão altas para o câncer de pele?

Dra. Marcia: O câncer de pele não-melanoma é pouco maligno. Ele vai crescer e destruir a pele, o local. A morte está relacionada aos casos de infecção, quando há o diagnóstico tardio, a lesão complicou, mas o próprio tumor mesmo não costuma ter metástase, ou seja, espalhar pelo corpo. Tirou a lesão, está curado. Os 10% que morrem está relacionado a pacientes que os casos complicaram, imunossuprimidas, ou algo assim. A prevalência no Brasil é alta justamente pela exposição solar. O câncer de pele melanoma está associado a uma exposição ao sol ocasional, mas intensa, sem filtro solar. O não-melanoma é aquela exposição diária ao sol, todo dia um pouco. O sol causa um dano acumulativo, se pegar todo dia uma hora de sol e um dia cinco horas, dá na mesma. Isso não se recupera. Se a gente morrer com 90 anos, até a adolescência a gente pega 50% do sol que podemos pegar a vida inteira. Até os 30 anos, pegamos 80% do sol. Por isso, o que a gente apresenta hoje com 40 ou 50 anos de dano solar é um dano iniciado lá atrás quando não tínhamos consciência do uso do filtro solar. A população que reside no litoral está mais sujeita ao câncer de pele.

 

Folha do Litoral News: Muitos casos são diagnosticados em Paranaguá?

Dra. Marcia: Toda semana tem uma confirmação. O melanoma é mais raro de acontecer, são cerca de cinco ao ano. O não-melanoma são cerca de dez ao mês, aproximadamente. É muito mais comum. Na maioria dos casos não chegam com a ideia de câncer de pele.

Publicidade










Em alta

plugins premium WordPress