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Educação

Escolas estimulam o hábito de ler desafiando o uso de celular

Psicóloga diz que crianças recebem vários estímulos que causam poluição visual e auditiva. Foto: Ilustração

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Vários estabelecimentos de ensino estão fazendo campanhas para estimular a leitura entre estudantes do Ensino Fundamental e Médio. O objetivo é fazer com que os estudantes encontrem prazer no hábito de ler e não apenas de forma obrigatória.  

A Escola Estadual Faria Sobrinho, por exemplo, está realizando a campanha “Deixe seu celular e leia um livro”. O estabelecimento está fazendo arrecadação de livros e gibis e ao mesmo tempo reforçando a ideia para que utilizem menos o celular. 

Das cinco aulas semanais de língua portuguesa, uma é dedicada exclusivamente para a leitura.

“Estamos estimulando nossos alunos a lerem mais e aprender a interpretar, para isso as aulas de leitura acontecem do 6.º ao 9.º ano. Essa atividade que também inclui a arrecadação de livros será feita ao longo do ano. No segundo bimestre vamos dedicar 30 minutos por semana para a leitura coletiva”, explica a diretora da escola, Liliana Kffuri. 

Ela também ressalta que para colocar em prática todas essas ideias tem enfrentado um obstáculo grande: o celular. “O celular está atrapalhando a leitura, pois muitos jovens deixam de fazer várias coisas para ficar no celular. A maioria usa de forma inadequada. Estamos fazendo trabalho na escola para reverter isso”, explica a diretora. 

Para Liliana, a leitura, mesmo de forma obrigatória, na escola, é importante, pois é através disso que pode ser desenvolvido o hábito e a descoberta do prazer em ler.   Allana Garcia, estudante do 9.º ano, contou que aprendeu a gostar de ler por meio das atividades escolares.

“Hoje eu leio cerca de 4 livros por mês. Em fevereiro, eu li apenas um, porque era um livro de muitas páginas. Não consigo ficar sem ler”, contou a estudante, que também ressaltou que usa o celular poucas vezes ao dia. 

Leitura na Infância

Seguindo a ideia de que o gosto da leitura começa na infância, a professora Antonelli Floriano, que atua nas séries iniciais do Ensino Fundamental na Escola Municipal Rosiclair Costa (Caic), tem desenvolvido várias atividades neste sentido. Em 2018, ela colocou em prática um projeto de troca de cartas que foi um sucesso.

Na era da tecnologia, os estudantes do 5.º ano tiveram uma ação inédita. A iniciativa partiu das professoras Antonelli Floriano e Caroline Mariano, buscando não somente resgatar a tradição como também estimular a escrita e a leitura e a troca de experiências com outras culturas. 

As crianças de Paranaguá trocaram cartas com os estudantes do Centro de Excelência Dom João José da Motta e Albuquerque, escola municipal da cidade de Afogados do Ingazeira, Pernambuco. A experiência acrescentou de forma positiva na vida escolar de cada uma das crianças que ficaram motivadas em continuar escrevendo. 

“Eu apoio o uso de celular, pois nos traz respostas rápidas para vários assuntos e nos conecta com pessoas de todos os lugares, mas sob supervisão e por tempo determinado. Acredito que o exercício da escrita possibilita habilidades múltiplas, desenvolve e propicia a nós, indivíduos pensantes, uma arte linda: a de ler e imaginar em cada página virada de um livro”, aponta a professora.

ESTÍMULOS DESVIAM A ATENÇÃO 

Para a psicóloga Carla Chemure Cechelero Slongo, a era digital vem atrapalhando a leitura em seu formato concreto.

“São várias as questões que estão prejudicando, uma delas é a restrição de espaço. As casas estão menores e não permitem um acervo de muitos livros e, nesse sentido, ganhou espaço o e-book, que é aquele livro digital que podemos acessar até nas redes sociais, através do celular ou computador. A questão é que quando estamos fazendo uma leitura pelo celular  somos interrompidos pelas redes sociais por causa das notificações. Podemos dizer que o nosso smartphone controla e rege a nossa vida desde a nossa agenda dos lugares que nós vamos através do check-in que possibilita encontrar um colega no mesmo local. Essas notificações desviam a atenção”, explica. 

De acordo com a psicóloga, recebemos vários estímulos causando uma poluição visual auditiva muito grande. “Estamos sendo invadidos por informações o tempo todo. Muitas vezes, a leitura que estamos fazendo acaba sendo interrompida por esses estímulos. A luz que é emitida pelo celular também prejudica a atenção, porque estes estímulos desviam a atenção da leitura”, analisa. 

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