Marcelo Roque, em mais um vídeo com pose de gladiador contra “a administração”, tenta lacrar em cima do prefeito Adriano Ramos. Aponta o dedo, dramatiza, e joga sobre os ombros do sucessor um fardo que ele próprio ajudou a carregar, inclusive com sua assinatura, plateia e claque. O problema é que, enquanto finge indignação em frente às câmeras, esquece convenientemente de alguns detalhes que a memória seletiva não alcança.
A assinatura que ecoa no tempo
Voltemos a 2017. No palco iluminado do Teatro Rachel Costa, com direito a palmas e tapinhas nas costas, foi o próprio Marcelo Roque quem assinou o aditivo contratual que selou a entrega do abastecimento de água e esgoto à Iguá Saneamento. O evento foi tratado como marco de “avanço para o município”, sem uma vírgula de preocupação ou denúncia de irregularidade. Havia pompa, circunstância e discursos de prosperidade.
Hoje, no entanto, o mesmo contrato que ele celebrou com tanto entusiasmo virou a pedra no sapato que insiste em empurrar para o colo dos outros. Contradição pouca é bobagem.
Intervenção ou teatro político?
Roque tentou romper o contrato antes e perdeu na Justiça. Agora, reaparece com um vídeo nas redes sociais como se fosse a bala de prata contra a concessionária e a atual administração. Mas, à essa altura, soa mais como encenação de última temporada do que como política séria.
O detalhe que Marcelo Roque não conta
E aqui entra o silêncio conveniente que ao longo dos últimos anos, a Paranaguá Saneamento conseguiu na Justiça nada menos que seis reajustes consecutivos na administração de Marcelo Roque. São eles:
- 2021: aplicados os reajustes de 2017 (3,38%) e 2018 (5,89%)
- 2022: aplicados os reajustes de 2019 (3,68%) e 2020 (4,39%)
- 2024: aplicados os reajustes de 2023 (2,81%) e 2024 (3,67%)
Informações das economias
- total de economias: 45.000
- 90% da base é residencial (40.500) da base residencial, 60% estão situadas na tarifa mínima (até 10m³)
Como ficam as contas para quem está na faixa de até 10m³
- de R$ 105,07 para R$ 130,20
Como ficam os valores da tarifa social
- R$ 19,04 para R$ 23,59
E a atual administração, do prefeito Adriano Ramos, herdou um reajuste tarifário de 23,92%. A atualização decorre de decisão judicial que determina a aplicação dos reajustes referentes à recomposição inflacionária do setor dos anos de 2021 e 2022, período da gestão do ex prefeito Marcelo Roque.
Ou seja, enquanto o discurso político se alimenta de indignação seletiva, a realidade jurídica e contratual é outra, a concessionária não só manteve seus direitos como os ampliou de acordo com o próprio contrato assinado no Teatro Rachel Costa.
Um contrato que resiste mais do que discursos
A Justiça concedeu à concessionária o que lhe é de direito.
Fica, então, a pergunta incômoda, afinal, o que realmente existe dentro dessa “caixa d’água” da gestão Roque? Um compromisso real com o saneamento público ou apenas mais um ato de campanha disfarçado de preocupação administrativa? Já passou da hora do Ministério Público se manifestar.
Uma certeza já está clara é que a verdade, assim como a água, sempre encontra um caminho para emergir mesmo diante de um cano entupido, de um esgoto rompido ou da disfarçatez de um ex-prefeito sem memória.
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