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Direito & Justiça

Fake News: tema volta a ganhar destaque com operação da PF

Fake News: tema volta a ganhar destaque com operação da PF (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

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As Fake News foram destaque na quarta-feira, 27, após a Polícia Federal (PF) cumprir mandados de busca e apreensão para apurar ofensas e ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, que apura a existência de esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais de notícias falsas contra autoridades da República. As ordens são cumpridas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.

Entre os alvos estão presidentes de partidos, ex-deputado, empresários, ativistas, blogueiros e um humorista.

O professor de Filosofia, Marcos Paulo Pontes dos Santos, explicou o papel que as Fake News têm assumido na atualidade, já que o tema ganhou relevância nos últimos anos em função da ampla disseminação de notícias falsas.

Referenciais

O professor define as Fake News como promotoras de injustiças. “Nós organizamos a nossa vida a partir das informações que temos, como critérios ou gabaritos. Quando o professor vai corrigir uma prova, faz com gabarito para ter um referencial, é o critério que utiliza para julgar se uma questão está correta ou não. Acredito que as notícias que recebemos servem como gabaritos, organizam as nossas decisões políticas, econômicas, relacionadas ao trabalho, aos estudos etc. O problema é que gabaritos errados levam a julgamentos injustos a nós e às pessoas que estão ao nosso redor. Por isso, eu vejo as Fake News como promotoras de injustiças”, analisou Marcos.

Segundo ele, os brasileiros precisam de mais consciência crítica para avaliar as informações que recebem. “Vejo isso nas escolas e mesmo quando se fala em crítica nas redes sociais, as pessoas veem como algo pejorativo como se crítica fosse condenar algo, como um ataque. Na verdade, crítica é uma atividade cognitiva básica que qualquer ser humano deveria desenvolver. Crítica é fazer análises a partir de bons critérios, o problema é que nossos critérios não são muito sólidos, por falta deles acabamos acreditando em informações fantasiosas e utilizamos sem crítica para fazer julgamentos. Entre os maiores problemas que as Fake News trazem estão a ampliação e promoção da injustiça”, opinou Marcos.

Ele cita ainda a questão da desconfiança generalizada presente na sociedade atual.

“As pessoas passam a acreditar na informação que é mais conveniente para elas. O critério para selecionar deixa de ser racional e passa a ser afetivo. A opinião já está formada, não há o raciocínio crítico e com base nos meus afetos pessoais e interesses eu escolho o que é bom. Muitas vezes, as pessoas não têm a possibilidade de mostrar racionalmente argumentos que justifiquem sua posição”, destacou Marcos.

“Acontece um fenômeno político e se constroem duas narrativas opostas, que talvez não estejam tão preocupadas com o fato em si, mas com base nos afetos pessoais, que fazem o indivíduo relativizar o fato e imprimir na minha interpretação o que me deixa mais confortável com o que eu acredito. Temos visto muito isso hoje. O objetivo das pessoas não é a verdade, tudo passa pela ótica da subjetividade”, pontuou Marcos.

Segundo professor, população preza mais pelos afetos do que pelas virtudes da razão (Foto: Freepik)

Como pôr fim às Fake News?

Para o professor, a mudança deste cenário de disseminação de informações falsas depende de vários fatores, mas principalmente do esforço coletivo. “Não depende apenas da educação escolar. Creio que campanhas publicitárias bem boladas, provocativas e que induzam a uma reflexão podem ajudar. É uma questão em que o marketing, a psicologia e a economia comportamental podem dar grandes contribuições. Enfim, acho que esse esforço não pode ser isolado, precisa ser coletivo, massivo, simultâneo, cooperativo e contínuo”, concluiu o professor de filosofia, Marcos Paulo.

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