Coronavírus
Vacina russa Sputnik V apresenta 91,6% de eficácia
Possível início da vacinação no Brasil com a Sputnik V e produção no Paraná depende de autorização da Anvisa e acerto com Centro Gamaleya (Foto: Vladimir Gerdo/TASS/Reuters)

Imunizante é eficaz em 100% na prevenção a casos graves e mortes de Covid-19
A terça-feira, 2, foi mais um dia importante para superação da pandemia contra a Covid-19 em todo o mundo que pode ter reflexos positivos para a ciência paranaense. Segundo resultados publicados pela revista médica The Lancet, uma das renomadas na ciência mundial, que foram validados por especialistas independentes, a vacina contra o Coronavírus Sputnik V, desenvolvida pelo laboratório Centro Gamaleya da Rússia, revelou uma eficácia de 91,6% contra as formas sintomáticas da doença. O sucesso do imunizante gera uma possível expectativa para sua produção no Estado, visto que em agosto de 2020 o Governo do Estado assinou um memorando de entendimento com a Rússia para possível fabricação e distribuição da Sputnik V no Paraná.
Segundo o Governo Estadual, no dia 12 de agosto de 2020 foi assinado um memorando de entendimento com o Fundo de Investimento Direto da Rússia para ampliar a cooperação técnica, as transferências de tecnologia e os estudos sobre a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Gamaleia. “O acordo deixa aberta a possibilidade de realização de testes, produção e distribuição do imunizante”, informa.
Os testes divulgados pela revista científica apontam que 21 dias após aplicação da primeira dose da Sputnik V, a vacina foi 100% eficaz na prevenção de casos graves e mortes. “O desenvolvimento da Sputnik V tem sido criticado pela sua precipitação, por ter saltado etapas e pela falta de transparência, mas os resultados são claros e o princípio científico dessa vacinação está demonstrado”, afirmam dois especialistas britânicos, Ian Jones e Polly Roy, dentro do estudo científico, destacando ainda que isso “significa que uma vacina extra pode ser acrescentada à luta contra a Covid-19”, acrescentam outros dois investigadores no estudo.
“Os primeiros resultados de eficácia verificados corroboram as afirmações iniciais da Rússia, recebidas no ano passado com desconfiança pela comunidade científica internacional. Estes dados parecem colocar a Sputnik V entre as vacinas com melhores desempenhos, como as da Pfizer/BioNTech, que anunciam uma eficácia de cerca de 95%, mas utilizam, no entanto, uma tecnologia diferente (RNA mensageiro). Nas últimas semanas começaram a surgir pressões para que a Agência Europeia do Medicamento (EMA na sigla em inglês) avaliasse rapidamente o desempenho da Sputnik V, já utilizada na Rússia e em países como a Argentina e a Argélia”, informa a Agência Brasil.
Os resultados que foram publicados pela revista científica possuem como base a última fase de ensaios clínicos do imunizante, a fase três, que envolveu um total de 20 mil voluntários. “Os participantes no ensaio, realizado entre setembro e novembro, receberam duas doses da vacina ou um placebo com três semanas de intervalo. Em cada uma das doses, fizeram também um teste de PCR e, nos dias seguintes à administração da segunda dose, o teste foi realizado apenas em quem desenvolveu sintomas”, informa.
“São ainda necessárias mais pesquisas para determinar a eficácia da vacina em casos assintomáticos e na transmissão”, informa a revista The Lancet. “A Sputnik V da Rússia é uma vacina de vetor viral, ou seja, utiliza outros vírus tornados inofensivos para o organismo humano e adaptados para combater a Covid-19. Trata-se da mesma técnica utilizada pela vacina da AstraZeneca (Oxford), que apresenta uma eficácia de 60%, segundo a EMA. Enquanto a vacina da AstraZeneca se baseia num único adenovírus de chimpanzé, a Sputnik V utiliza dois adenovírus humanos diferentes para cada uma das injeções. Segundo os seus criadores, a utilização de um adenovírus diferente em reforço da primeira injeção deverá causar uma melhor resposta imunológica”, complementa a Agência Brasil.
Paraná e Sputnik V
Em agosto do ano passado, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, participou de reunião por videoconferência com o embaixador russo no Brasil, Sergey Akopov, e o presidente do Fundo de Investimentos, Kirill Dmitriév, quando referendaram o memorando, com estudos que serão acompanhados pelo Governo Federal. Ficou definido na reunião que o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) “será responsável por coordenar os estudos no Estado e lembrou que a entidade é referência nacional na produção de medicamentos”, informa o Governo Estadual.
“O memorando afirma que as partes vão desenvolver atividades conjuntas e organizar negociações em prol do desenvolvimento da vacina contra Sars-CoV-2 no Estado. Para isso vão compartilhar experiências e tecnologias e providenciar mecanismos que permitam a cooperação com orientações técnicas e profissionais relacionadas à vacina”, afirma o Governo do Estado. De acordo com o Estado, o Paraná será o representante da Sputnik V junto ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, assim que o registro da vacina for obtido no Brasil junto aos órgãos responsáveis.
O início da vacinação contra a Covid-19 com a Sputnik V no Brasil, bem como um possível início da fabricação da vacina russa no Paraná pela Tecpar, são avanços que dependem ainda de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), bem como de acertos com a fabricante do imunizante, o Centro Gamaleya.
Com informações da Agência Brasil e AEN
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