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Coronavírus

Crianças não-vacinadas podem ter síndrome grave e letal decorrente da Covid-19

SIM-P possui sintomas como febre alta, conjuntivite, e outros

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Foto: Vladimir Smirnov TASS - Getty Images

Na segunda-feira, 14, o Instituto Butantan emitiu alerta sobre um quadro clínico grave associado à Covid-19, que está sendo diagnosticado em crianças não-vacinadas contra a doença. Trata-se da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que, de acordo com a entidade científica, registra aumento de casos no Brasil no público infantil infectado pelo SARS-CoV-2. Ao todo, mais de 1,5 mil crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, já foram diagnosticados com a síndrome no País, algo que exige hospitalização e que inclusive pode levar a óbito em 6,2% dos casos. 

Segundo o diretor médico do Instituto Butantan, Wellington Briques, a vacinação contra Covid-19 é a forma mais eficaz de frear estes casos, visto que a SIM-P atinge os não-vacinados contra  a doença. O médico reforçou que é essencial a imunização de crianças e adolescentes contra a pandemia no Brasil. Os hospitais pediátricos que tinham casos esporádicos, um a cada dois meses, agora acabam apresentando de um a três casos por semana. A única forma de diminuir drasticamente o risco da SIM-P é vacinando as crianças contra a Covid-19 o mais rápido possível”, completa Briques.

De acordo com o Butantan, a SIM-P é causada por uma resposta inflamatória exagerada do organismo que ocorre de forma tardia, de duas a quatro semanas após a infecção pelo Coronavírus, atingindo principalmente os pulmões e vias respiratórias. “A inflamação, que é um mecanismo de proteção, passa a ser um mecanismo de agressão. Na SIM-P ocorre uma alteração das interleucinas, que são moléculas mediadoras da resposta inflamatória: as moléculas anti-inflamatórias são reduzidas e as inflamatórias aumentam de forma descontrolada. Com isso, fica muito difícil para o corpo responder à agressão do vírus”, ressalta o diretor.

“Como a inflamação se concentra no pulmão, a criança pode apresentar extrema dificuldade para respirar, precisando do auxílio de uma máscara com respirador ou até mesmo de intubação. Além disso, a necessidade de altas doses de medicamentos para tratar a síndrome também pode trazer complicações”, explica o instituto

Briques afirma que crianças com a síndrome em questão, precisam do uso de uma grande quantia de corticoides, com o intuito de controle de inflamação, bem como de remédios anticoagulantes. “Em excesso, esses fármacos podem causar complicações, como piora da infecção ou sangramentos”, alerta.

Sintomas e importância da vacina

Segundo o Instituto Butantan, a manifestação da síndrome pode incluir febre persistente por mais de três dias (mínimo de 38°C), sintomas gastrointestinais, conjuntivite bilateral não purulenta, sinais de inflamação mucocutânea, além de problemas cardiovasculares, como miocardite e hipotensão. “Os casos mais graves apresentam choque cardiogênico e, algumas vezes, podem evoluir para óbito. Desde julho de 2020, o Ministério da Saúde monitora as notificações de casos de SIM-P no país por meio de um formulário que orienta profissionais da saúde sobre o diagnóstico da síndrome”, completa a assessoria.

O diretor médico do Butantan reforça que pais e responsáveis devem vacinar seus filhos contra a Covid-19, ressaltando que o benefício da vacina é enorme.  “O risco de uma reação adversa relacionada à vacina é infinitamente menor do que o risco de uma complicação grave como essa síndrome”, detalha.

Vacinação para crianças mais novas

“Segundo dados do Ministério da Saúde, desde o início da pandemia até o dia 5/2 de 2022, dos 1.503 casos confirmados, 93 evoluíram para óbito. O maior número de infecções ocorreu em crianças de um a quatro anos e, dentre os óbitos, a maior parte foi na faixa etária de cinco a nove anos”, informa o Butantan.

Segundo a assessoria, a CoronaVac possui aprovação para uso emergencial em crianças a partir de seis anos no Brasil. Segundo a diretora de inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski Tavassi, existem evidências  científicas em diversos países da eficácia e importância da imunização de crianças mais novas, incluindo no Brasil. “Um estudo acompanhou 27 crianças brasileiras de sete meses a cinco anos que receberam a vacina de forma equivocada e o perfil de segurança foi excelente”. 

Segundo ela, a CoronaVac utiliza vírus inativado, incapaz de causar a Covid-19, destacando a importância do imunizante para uso pediátrico. “É a mesma plataforma usada em outras vacinas que já são aplicadas em crianças há décadas e nunca ocasionaram nada grave”. Já foi solicitado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a aprovação da CoronaVac para crianças de três a cinco anos no País.“Em breve eu espero que tenhamos a vacina aprovada também para essa faixa etária”, finaliza Wellington Briques.

Com informações do Instituto Butantan

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