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Editorial

Mulher, seja presente! Seu futuro não é de flores, mas de respeito

Foi-se o “era uma vez”. Chegou a VEZ de ouvir a história que é escrita e protagonizada por cada mulher.

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Era uma vez….
A maioria das histórias é iniciada por esta expressão classificada como complemento circunstancial de tempo. Mas este não pode ser o clichê de narração do enredo da vida de uma personagem que é protagonista do seu tempo, e que não deve remeter ao passado, e sim ao presente e futuro.

Pois agora, o “era uma vez” descreve tudo aquilo que ficou para trás e não se pode repetir como lição humanitária.

É inadmissível aceitar que por muito tempo em toda essa história, como já descrevia a escritora Virginia Woolf, “anônimo era uma mulher”. Foi com esta frase que ela, à frente do seu tempo, denunciou duas deficiências na história da humanidade: a de não reconhecer e não dar espaço à voz das mulheres.

Por não serem aceitas em muitas atividades e intituladas como inferiores aos homens, as mulheres, por séculos, passaram despercebidas pelas páginas e retratos reconhecidos da história. Elas foram figurantes e meras ilustrações de um espaço social dominado culturalmente pelo gênero masculino.

E é aqui que entra o movimento feminista, o qual teve início durante o século XIX. Neste período, as mulheres tomaram consciência das desigualdades a que eram submetidas e passaram a questionar os modelos sociais e lutar por igualdade aos direitos adquiridos pelos homens.

Foi a primeira “onda do feminismo”, o qual hoje ainda é julgado e repudiado tanto por homens como mulheres, que deu o pontapé para o movimento que garantiu o direito de participação feminina nas eleições.

Engana-se quem pensa que o “tal feminismo”, condenado em pleno século XXI, é o contrário de machismo. O feminismo é igualdade. É uma busca, uma luta e uma realidade constante de que as mulheres são seres humanos e não devem ser rotuladas sob um princípio de dominação ou inferioridade.

Assim como os homens, é possível trabalhar, estudar, cuidar da casa, ser independente, ter poder de decisões, poder de fala, de escolha, poder de se posicionar. Ter o poder de vestir saia, calça, shorts. Poder de ser quem ela quiser: policial, jogadora de futebol, delegada, advogada, feminista, poder encorajar outras mulheres, poder simplesmente ser mulher.

Falar da mulher neste dia não é colocá-la acima de ninguém. É dar voz à igualdade e ao empoderamento, princípio tão odiado nas falas culturais do patriarcado brasileiro.

Falar sobre a mulher não é exaltar os chocolates e as flores recebidas, mas o respeito que ela necessita a cada dia. Pois quando o princípio básico da igualdade é reprimido, tem-se cada vez mais gerações vivendo e expandindo uma violência desmedida, mas contabilizada com crueldade nos índices de feminicídios.

Não há mais espaço para se chocar com o feminismo (igualdade) num mundo em que as mulheres fazem toda a diferença ao lado dos homens. A escritora contemporânea Chimamanda Ngozi traduz ao pé da letra esse momento. “Por que a palavra feminista? Por que não dizer que você acredita em direitos humanos? Porque isso seria desonesto. Utilizar o feminismo como ‘direitos humanos’ seria negar o problema específico do gênero. Seria um jeito de fingir que não foram as mulheres que foram, por séculos, excluídas. Seria um jeito de negar que o problema de gênero tem como alvo as mulheres. E que o problema não é sobre ser humano, mas especificamente sobre ser uma mulher”.

Então, como se livrar dessas amarras históricas e desumanas? Lutando como uma garota! Portanto, mulher, seja presente! Seja dona de si, do seu corpo, do seu caráter, da sua alma e da sua opinião.

Enquanto outra mulher for prisioneira de qualquer mazela não há como todas serem livres, mesmo que as correntes de cada uma sejam diferentes, menos ou mais pesadas.
Foi-se o “era uma vez”. Chegou a VEZ de ouvir a história que é escrita e protagonizada por cada mulher.
 

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