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Editorial

A valorização das mães do Brasil

A maioria esmagadora das mães do Brasil são as que vivem as dores, os anseios e as lutas de seus filhos em uma realidade não tão “glamorosa” dos presentes físicos.

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O Dia das Mães se aproxima. E, com ele, a data que é carregada de expectativa no calendário do varejo, se transforma em uma das mais competitivas em termos de metas e vendas para quem depende do resultado comercial.

Segundo a sondagem realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná, Fecomércio do Paraná, a disposição dos paranaenses em presentear neste Dia das Mães é 9% maior com relação ao ano passado. O percentual de consumidores que pretendem comprar um presente é de 79,6% neste ano, ante 73,8% em 2018.

Em Paranaguá, a intenção de compra é alta: segundo o Sindicato dos Lojistas de Paranaguá, a data deve ter aumento de 6% nas vendas em Paranaguá. Por isso, o comércio varejista funcionará em horário especial na sexta-feira e no sábado. Ou seja, a expectativa é que nos próximos dias os filhos, pais e familiares tendam a “correr” às lojas para garantir o presente das mães ou de quem consideram como mães.

Sem entrar no mérito do benefício de se presentear uma mãe, a qual é uma forma fundamental e singela de demonstrar carinho, amor e gratidão, deve-se exigir também do mercado publicitário e das instituições e governos, que esta data seja vista não como um momento comercial, mas acima de tudo como um resgate da valorização das mães no País, independente se ela é e pode ser presenteada com algum bem material, ou se para ela, um “mimo” a tornará mais mãe durante um único dia, quando nos demais, o papel de mãe não é assim tão leve.

É possível pensar no cenário atual das mães através de uma única pergunta: quem são as mães do País?

Certamente, as mães do Brasil não são aquelas estampadas nas propagandas de shoppings, nos comerciais de perfumes, de roupas de marcas famosas e de joias.

A maioria esmagadora das mães do Brasil são as que vivem as dores, os anseios e as lutas de seus filhos em uma realidade não tão “glamorosa” dos presentes físicos.

A mãe do Brasil atual é aquela que tem esperança e medo. Medo de perder o emprego pelo simples fato de ser mulher e na concorrência pesar o fato de ela poder engravidar; medo de que seu filho negro ou homossexual apanhe na rua ou nem volte para casa, medo de não receber a pensão, medo do assédio, medo de não poder amamentar seu filho durante o trabalho pela inviabilidade ou pela cultura do machismo; ou até mesmo o medo por sustentar os filhos sozinha.

E a realidade mostra: quase 27% das mães no Brasil criam e educam seus filhos sozinhas, sem o apoio paterno. Mais de um quarto das mães são solteiras no País e por serem solteiras, geralmente não aparecem nos comerciais televisivos.

Mas o Brasil também é o País das mães esperançosas de que elas precisam de mais valorização. Pois a flor, o chocolate e os discursos destinados a elas nesta data não as tornam mais valorizadas e respeitadas. Fica a reflexão.

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