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Direito & Justiça

Delegada do Nucria destaca como são comprovados os casos de pedofilia

Denúncias de exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais são encaminhadas para perícia em Curitiba

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Quanto antes chegar a notícia de pedofilia na Internet para a Polícia Civil, melhor para começar as investigações. Mas nem sempre isso acontece. Infelizmente, em muitos casos, os pedófilos passam anos cometendo o crime até chegar ao conhecimento da polícia, que é quem tem poder de iniciar uma investigação e abrir um inquérito.

A delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) de Paranaguá, Maria Nysa Moreira Nanni, explicou que a partir do momento que a Polícia Civil recebe o material, todo o seu conteúdo é analisado. “Tudo isso é encaminhado para perícias adequadas. No caso de um vídeo, precisamos saber se não houve montagem, quantas pessoas estavam participando, porque às vezes uma só aparece, mas existem outras; o tempo de duração, o instrumento utilizado para fazer as imagens, tudo vai aparecendo na perícia”, afirmou.

As perícias são realizadas pelo Instituto de Criminalística, em Curitiba. No entanto, a investigação não acaba. Além da análise criteriosa do material, as pessoas envolvidas também precisam ser ouvidas. “A Polícia trabalha com informações para buscar as provas, que são confrontadas durante a ação penal. O trabalho da polícia é fazer uma cesta de elementos e indícios que apontem para a verdade, para que o Ministério Público e o Poder Judiciário trabalhem com este material”, contou Maria Nysa.

 


Foto: Ilustração

 

Toda essa coleta de materiais vai influenciar na velocidade de resolução do caso. Quando se trata do Nucria, que é uma delegacia voltada para a proteção à Criança e ao Adolescente, a legislação chama os casos de “prioridade absoluta”. “Precisamos entender que todos os casos com crianças e adolescentes são prioridade absoluta, por isso temos que ter cuidado ao lidar. Precisamos trabalhar contra o tempo, mas com cuidado, para analisar detalhadamente”, esclareceu a delegada. “A investigação precisa seguir etapas e elas, bem seguidas, vão juntar todos os elementos para que no futuro a condenação seja correta”, completou.

Após a coleta de todas as provas, o material é analisado pelo juiz, que tem um período para analisar e dar a decisão fundamentada. O processo pode demorar a ser concluído e, segundo a delegada, este tempo de espera nem sempre é compreendido pela população.

 

INVESTIGAÇÃO APROFUNDADA

Neste tempo, os casos não ficam estagnados, de acordo com a delegada. Com relação à pedofilia na Internet, é preciso saber, por exemplo, quantas pessoas estão envolvidas, quem troca as informações, como o esquema de divulgação da imagens é realizado pelos pedófilos e, para chegar até essas respostas, é necessário haver uma análise completa e consistente. Por isso, as investigações podem durar meses.

“Quando as pessoas veem uma situação injusta, ficam indignadas e querem uma solução rápida, mas geralmente, as soluções rápidas são as piores, porque não analisam todos os aspectos. Isso influencia na pena e, no caso de pedofilia na Internet, quantas pessoas podemos prender? Só um? É uma rede? As decisões precipitadas ficam só na superficialidade do problema”, evidenciou Maria Nysa.

 

COMUNIQUE A POLÍCIA

Qualquer pessoa que receber vídeo ou foto contendo imagens de crianças e adolescentes em situações de abuso não deve compartilhar com outras pessoas. Em Paranaguá, a orientação da delegada é para que entre em contato com a Polícia Civil por meio do e-mail [email protected], enviando as imagens que teve acesso e as informações que tiver. Outra forma é ir diretamente à sede do Nucria, localizada na Rua Manoel Bonifácio, 483, Centro Histórico. Em ambas as situações, os casos são mantidos sob sigilo e o nome do denunciante não é divulgado.

 

O PROBLEMA TAMBÉM É SEU

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), toda a sociedade tem responsabilidades sobre suas crianças e adolescentes. “Quando vemos um problema acontecendo e viramos os olhos, achando que o problema do vizinho não é meu, quando se trata de crianças e os adultos responsáveis, mesmo não sendo os pais e familiares, estão vendo que a situação é grave e perigosa, precisa fazer uma denúncia consistente”, concluiu a delegada, enfatizando a importância de garantia dos direitos deste público, os quais estão previstos na legislação.

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