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Cultura

Com escassez de recursos, MAE precisa de reforma e investimentos da União

Receio de deterioração fez com que a UFPR levasse o acervo arqueológico de Paranaguá para campus em Curitiba

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O incêndio de domingo, 2, que destruiu o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, acabou transformando em cinzas grande parte da história arqueológica do Brasil. Desde então, este tem sido um dos assuntos mais comentados nos meios de comunicação e mídias sociais.

MAE DE PARANAGUÁ

No Paraná, um dos pontos centrais deste acervo é o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) gerido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), localizado em Paranaguá, em um prédio histórico de 1755, que antigamente abrigava o Colégio dos Jesuítas. A ocorrência trágica no Rio de Janeiro fez com que se acendesse um alerta quanto aos museus do Paraná e as suas reais condições e verbas para manutenção do Governo Federal algo que, segundo a Superintendência de Comunicação (Sucom) da UFPR, necessita de mais investimentos e atenção por parte da União. 

De acordo com a Secretaria de Comunicação da UFPR, o MAE, que foi inaugurado em 1963 e é o primeiro museu universitário do Estado, é um exemplo clássico no Paraná de necessidade de maior investimento por parte do Governo Federal em cultura. “Temos uma estrutura em Paranaguá que carece de reformas de forma pesada, a gente tem passado por restrições orçamentária desde 2014. As verbas para manutenção das universidades é algo complicado, temos conseguido sobreviver com projetos que já estão em andamento. O caso do museu consumiria uma grande verba, precisando de um edital específico para atendimento de museus”, explica. O prédio é inclusive tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938, algo que reforça a responsabilidade de repasse de recursos para o espaço pelo Governo Federal.

A Comunicação da UFPR afirma que o Governo Federal, na terça-feira, 4, anunciou a publicação de uma medida provisória que cria a Lei dos Fundos Patrimoniais, com a instalação de um comitê gestor e a liberação de R$ 25 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)  para projetos de segurança e manutenção de museus no País. “É algo que ainda é uma possibilidade”, explica. “Só acreditamos depois que está no papel, mas estamos muito atentos a tudo isso”, complementa, destacando a presença da UFPR em outros museus paranaenses como o Museu da Arte da UFPR (MUSA) em Curitiba, entre outros, que também necessitam de mais investimentos. 

Assessoria da UFPR, responsável por gerir o MAE, afirma estar atenta e na luta por recursos federais para realizar manutenções necessárias no prédio histórico de 1755

UFPR LEVOU ACERVO ARQUEOLÓGICO PARA CURITIBA

“Passamos por dificuldade, pois não é qualquer mudança que pode ser feita”, explica a assessoria de comunicação da UFPR, afirmando que qualquer obra ou melhoria deve ser autorizada pelo IPHAN. “Estamos usando como exemplo o MAE em Paranaguá, pois quando o prédio demonstrou problemas, a UFPR, há muitos anos, moveu toda a reserva técnica para Curitiba no campus do Cabral, que é um espaço reformado, com ar-condicionado e verbas da universidade e de outros órgãos para conseguir acomodar de forma satisfatória as peças. Hoje estas peças estão guardadas em local adequado”, explica a Sucom, destacando a preocupação da faculdade com o patrimônio histórico e arqueológico. 

“A UFPR sempre pensou em atender a questão do museu em Paranaguá. Não é algo causístico, estamos atentos a isso há muitos anos”, explica a assessoria, reforçando a preocupação desde 2014 com a reserva técnica e artística. “Usamos isso como exemplo para mostrar a preocupação da UFPR com o seu acervo, pois agora vimos alguns veículos de comunicação atacando a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFPR) quanto ao Museu Nacional. Só que nenhuma universidade tem condições de manter um espaço como o Museu Nacional com seus recursos”, complementa. 

A UFPR foi a primeira universidade federal a se posicionar em uma nota de pesar e solidariedade à UFRJ e ao Museu Nacional. Segundo a assessoria, outro foco foi demonstrar que o incêndio foi fruto de uma falta de política pública nacional em torno dos museus e da cultura do País. “Não há como não relacionar o incêndio com a falta de verbas nas universidades federais”, complementa. “De 2014 para cá, a coisa está ficando cada vez pior, ao exemplo do Museu Nacional que a verba era de R$ 500 mil e neste ano recebeu apenas R$ 50 mil”, acrescenta a Sucom, destacando várias regras licitatórias e jurídicas para investimentos em museus. 

“Há vigias e uma equipe constantemente cuidando do patrimônio do MAE. Estamos atentos a todas as possibilidades de trazer mais recursos para a manutenção do MAE e dos museus geridos pela UFPR. Aparecendo a oportunidade, vamos colocar recursos nos nossos museus”, finaliza a Sucom da UFPR. 

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