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Crônicas

A lista de botas

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A lista de botas

Da janela do meu apartamento observei o céu escurecer de forma rápida. Era o prenúncio que choveria a cântaros. E choveu.

Então, resolvi vasculhar a gaveta em que guardo alguns DVDs. Queria rever algum filme da minha coleção, enquanto a chuva lá fora caía sem dar indícios de cessar.  

Fiz pipoca, afofei as almofadas, sentei, estiquei os pés no pufe e dei o play.

Lá estavam eles: Jack Nicholson e Morgan Freeman, juntos. Que dobradinha! Anote aí: Antes de Partir, é o nome do filme. Dos longínquos anos de 2007.

Dois homens, com o diagnóstico de câncer e com seis meses de vida, resolvem aproveitar esse período numa aventura cheia de emoções e realizações. Para isso, providenciam uma lista que dão o nome de “A lista de botas”, uma referência à expressão “antes de bater as botas”.

Fazia parte da listagem: um salto de paraquedas, um jantar na França, um safári, uma tatuagem, viagens espetaculares e diversas hospedagens.

Como a maioria dos mortais não possui uma conta bancária capaz de propiciar tamanho deleite, vale prestar atenção em outras dicas que o filme dá e que não precisam, necessariamente, mexer no bolso.

E nós? O que ainda gostaríamos de fazer?

Banhos de cachoeira. Ser mãe. Ser pai. Um novo emprego. Uma paixão. Um beijo em alguém desconhecido. Abraçar. Aprender a nadar. Tirar a carteira de motorista. Visitar quem nos faz falta. Dizer mais “eu te amo”. Ver o amanhecer e o sol se pôr. Contemplar as estrelas. Vislumbrar a lua. Ler mais. Aprender a dizer “não”. Dedicar mais tempo para a família. Prestar atenção no que realmente importa. 

 No final, a belíssima música na voz de John Mayer ainda arremata com o verso “Say what you need to say”.  “Diga o que você precisa dizer”.

Tudo isso “antes de partir”.

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