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Ciência e Saúde

Tragédias coletivas podem causar impactos emocionais e físicos

Medo, insegurança, insônia, falta de apetite e até hipertensão podem ser reflexos dos últimos eventos trágicos ocorridos no País

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A sucessão de tragédias com muitas vítimas, neste início de ano no Brasil, causou grande comoção em toda a sociedade após a repercussão na mídia. Entre elas, está o rompimento da barragem de minério em Brumadinho (MG), enchentes no Rio de Janeiro, o incêndio que tirou a vida de dez meninos das categorias de base do Flamengo, também na capital carioca, além do acidente com helicóptero que tirou a vida do jornalista Ricardo Boechat.

A psicóloga Carla Slongo, afirmou que todos esses acontecimentos trazem um impacto importante, pois fazem a sociedade pensar sobre a morte, a vulnerabilidade e a injustiça.

“Rapidamente, fazemos um processo empático que é nos colocar no lugar dos familiares das vítimas, fazemos associações com os que morreram com pessoas do nosso convívio. No caso da tragédia no Centro do Flamengo as vítimas eram adolescentes e pensamos em nossos filhos, netos, sobrinhos ou naqueles que amamos, e podemos experimentar um pouquinho do sentimento que os familiares estão sentindo e isto nos comove”, disse Carla.

Esta comoção pode gerar outros sentimentos como receios, inseguranças e medos. “Ficamos temerosos em pensar na possibilidade de um dos nossos vir a passar por estas situações. Funciona como um sinal de alerta, pensamos na possibilidade de que isto também possa acontecer com a gente e o medo, muitas vezes, paralisa e intensifica as sensações”, observou Carla.

QUE SINAIS SERVEM DE ALERTA?

Alguns sinais que a pessoa apresenta podem ser um alerta de que algo de errado está acontecendo e que precisa de ajuda para restabelecer o emocional. “Quando não conseguimos reagir e passamos muito tempo pensando no que aconteceu, como se tivesse acontecido comigo ou com um familiar meu, ou quando o medo fica tão intensificado que me paralisa ou faz com que eu mude a minha rotina, a rotina de meus filhos, companheiro ou companheira. Quando passo a ter um prejuízo social, deixando de ir trabalhar, estudar, de realizar minhas atividades com medo que algo possa acontecer”, pontuou a psicóloga Carla.

Quem já possui depressão ou está propenso ao problema também merece atenção. “Quando estamos em depressão, estamos com o humor alterado, mais deprimido em algumas situações, estes eventos contribuem para um humor mais deprimido para uma comoção e aqueles que estão próximos da pessoa doente, acabam não tendo naquele momento palavras ou reações que venham contribuir de forma positiva com o depressivo”, avaliou Carla.

“A CURA É PELA FALA”

Segundo a especialista, é possível passar pelo período de luto de coletivo e uma das formas é falar sobre as tragédias. “O luto por si só é um processo bastante delicado e dolorido, não há palavras ou expressões que possam traduzir ou descrever precisamente essa que é uma das sensações mais dolorosas vivenciadas pelo ser humano. O luto coletivo necessita de um tempo para ser elaborado. Freud nos diz que ‘a cura é pela fala’, e isto é o que já fazemos, falamos sobre o evento, sobre a tragédia”, concluiu a psicóloga.

 

Foto de capa: divulgação.

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