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Ciência e Saúde

Saúde emocional: psicóloga explica como surge e como lidar com a intolerância

“O intolerante tem uma vida de frustrações. Ele tem suas próprias regras, estabelecendo seus próprios limites e não respeitando os limites alheios”, analisou a psicóloga Adriana Grosse

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Nos últimos tempos, a sociedade tem esquecido a importância da boa convivência social. Promover o diálogo, aceitar ideias contrárias e ter empatia, se colocando no lugar do outro, são práticas cada vez menos comuns e têm levado a sociedade a tristes consequências.

No Brasil, os registros de violência relacionados ao preconceito e à discriminação crescem. No ano passado, dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República mostraram que a cada três dias há também uma denúncia de intolerância religiosa.

A psicóloga Adriana Grosse afirmou que a intolerância surge da dificuldade que algumas pessoas têm em lidar com frustrações.

“Internamente, os intolerantes têm um mundo ideal e, quando entram no mundo real, entram em um conflito interno, se tornando agressivos verbalmente ou fisicamente. São indivíduos rígidos na sua maneira de pensar”, disse Adriana.

Segundo ela, os intolerantes podem trazer um histórico de frustrações familiares. “Provavelmente, esse indivíduo que é rígido já vem de uma família rígida ou desestruturada, de um histórico difícil, em que ao longo dos anos foi acumulando determinados conceitos. A nossa mente, o nosso inconsciente, é como um copo d’água. A gente aguenta uma frustração aqui, outra ali, são várias. Mas o intolerante tem uma vida de frustrações, ele tem suas próprias regras, estabelecendo seus próprios limites e não respeitando os limites alheios. Geralmente, são pessoas que já possuem um transtorno de ansiedade e não gostam de imprevistos. Eles não têm recursos internos para que possam lidar com acontecimentos que saem da sua rotina, do mundo ideal”, salientou Adriana.

No entanto, há também intolerantes que nunca foram frustrados.

“Pode ser também uma pessoa que sempre teve tudo e não aprendeu a ser empático, se colocar no lugar do outro. Ambos são inseguros e têm que se impor para dar conta inconscientemente da sua insegurança”, complementou Adriana.

Outras características dessas pessoas é a facilidade de ficar estressadas e não abrir espaço para a comunicação, apenas para impor a sua vontade. “Não tem espaço para o diálogo porque nesse mundo ideal deles tem que ser do jeito deles, no tempo deles e na hora deles”, afirmou Adriana.

EMPATIA

Para a especialista, a empatia é a chave para começar uma mudança na sociedade. “Falta empatia nessas pessoas, a capacidade de se colocar no lugar do outro. A falta de empatia pode ocasionar vários problemas sociais, não só para ele em relacionamentos interpessoais, como na sociedade e na questão profissional também. As pessoas intolerantes possuem baixa autoestima e precisam se autoafirmar em todo momento”, observou a psicóloga.

De acordo com Adriana, há comportamentos passivos, agressivos e assertivos de comunicação.

“O agressivo é: bateu, levou. Ele nunca vai conversar e ter um bom diálogo, está sempre na defensiva. No inconsciente, na verdade, ele não acredita em si. Por isso que todas as vezes ele tem que ter razão. A sua verdade tem que ser aceita de qualquer forma e o diálogo é visto como uma fraqueza. O comportamento intolerante vem muito de uma família intolerante. Muitos pais ensinam que não pode levar desaforo para casa, que se você for bonzinho é trouxa, é bobo. Nós não podemos esquecer que existe uma questão cultural e social que ser bonzinho é ser burro”, ressaltou Adriana.

Já a comunicação assertiva seria a empatia, que faz parte da educação dada pelos pais. “Não podemos esquecer que os adultos de hoje aprenderam a ser intolerantes. Muitas vezes, somos ensinados sobre isso. A tolerância pode ser aprendida se colocando no lugar do outro e nas mudanças de crenças negativas, de que conversa é submissão. Conversa é inteligência emocional, é o autocontrole, a gestão de pensamentos e a paciência”, disse Adriana.

ERA DO IMEDIATISMO

A tecnologia contribui para que as pessoas queiram tudo de maneira imediata. “No mundo que nós estamos hoje da tecnologia, acreditam que as coisas precisam ser resolvidas com o uso da força, na hora, estamos na era do imediatismo”, expôs a psicóloga.

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