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Ciência e Saúde

Médico relata causas e formas de prevenção da obesidade infantil

Crianças obesas estão mais propensas quando adultas de ter problemas cardiovasculares como pressão alta e problemas hormonais e metabólicos como diabetes e colesterol (Foto: Divulgação)

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João Zattar afirma que obesidade infantil já pode ser considerada uma espécie de epidemia no Brasil 

O dia 3 de junho consta no calendário mundial como Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, data instituída pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com objetivo de reflexão no período atual em torno da saúde pública infantil. Segundo o Ministério da Saúde (MS), o alerta é totalmente válido para o Brasil, onde 12,9% das crianças de 5 a 9 anos são obesas, trazendo danos à saúde já na infância e gerando mais chances de que este público infantil se torne obeso quando adulto, tendo como consequência o aparecimento de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, podendo inclusive matar precocemente estas pessoas na fase adulta. 

Segundo o médico João Felipe Zattar Aurichio, a obesidade infantil já pode ser considerada uma espécie de epidemia. “Entendemos que esse mal pode trazer complicações tanto físicas quanto psicológicas para criança. Dentre as complicações físicas mais prevalentes estão o aumento da incidência de asma, problemas articulares e ósseos, distúrbios do metabolismo com diabetes e hipercolesterolemia, doenças do fígado e até mesmo doenças cardíacas. Já dentre as complicações psicológicas, temos o bullying, transtornos de ansiedade e depressão, fobia social e déficit de atenção”, explica.

“É bem evidente hoje o quanto isso pode impactar na vida adulta. Essas crianças estão mais propensas quando adultas a ter problemas cardiovasculares como pressão alta e problemas hormonais e metabólicos como diabetes e colesterol”, complementa Zattar.

COMO SE DEFINE A OBESIDADE INFANTIL

Sobre a porcentagem atual de crianças obesas no Brasil, o médico afirma que diversos fatores levaram a este aumento de obesidade infantil, entre eles, os mais comuns, são fatores genéticos, alimentação inadequada, sedentarismo, doenças hormonais subdiagnosticadas, utilização desenfreada de alguns medicamentos sem prescrição, entre outros. “Mas o importante é destacar, como nós definimos a obesidade infantil. Ela é caracterizada pelo excesso de peso entre bebês e crianças de até 12 anos sendo que seu peso corporal ultrapassa em 15% o peso médio correspondente da sua idade”, explica.

"Sempre dizemos que a criança, na maioria das vezes, é o reflexo dos pais. Dessa forma, os pais devem restringir a alimentação doméstica para comidas mais saudáveis e menos industrializadas. Além disso, os hábitos do dia a dia têm que mudar”, explica o médico João Zattar

Há formas como pais e responsáveis podem agir para evitar que as crianças cheguem a níveis de obesidade, sendo que deve sempre se ficar atento ao comportamento dos filhos e da consistência corporal deles. “Se você observa uma má alimentação e o desinteresse pela prática de exercícios físicos deve agir prontamente. Você deve levá-lo ao médico nesse momento e não aguardar o ganho de peso. Devemos atuar de forma precoce, antes até mesmo que a própria obesidade se instale. Caso ocorra já a obesidade, essa criança deve ser acompanhada de uma forma multidisciplinar, com endocrinopediatra, nutricionistas e psicólogos”, completa João Zattar.

ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS E NOVAS TECNOLOGIAS

Os pais possuem um papel essencial na alimentação do filho, ainda mais em um período onde há um “bombardeio” de propagandas de produtos alimentícios industrializados e gordurosos para crianças, pois são os adultos que possuem a capacidade para adquirir ou não estes alimentos. “Sempre dizemos que a criança, na maioria das vezes, é reflexo dos pais. A criança não tem a capacidade de adquirir alimentos sem a ajuda dos seus pais. Dessa forma, os pais devem restringir a alimentação doméstica para comidas mais saudáveis e menos industrializadas. Além disso, os hábitos do dia a dia têm que mudar. Por exemplo, é muito comum a família se reunir ao redor da mesa para datas comemorativas. E se você trocasse isso por uma visita ao parque? E por que seu filho se estimularia a praticar esportes se você não pratica nenhum. Veja que os comportamentos dos filhos são baseados no comportamento dos pais. Portanto, quem realmente deve mudar as atitudes?”, questiona o médico. 

Outro ponto é a presença da tecnologia já desde cedo na vida do ser humano, com videogames, jogos no celular e vídeos no YouTube tomando grande parte do tempo livre das crianças. “A tecnologia é parte da nossa vida e temos que aprender a conviver com ela. E a partir disso, temos muitas facilidades com esse advento. Veja bem, há muitos jogos de celulares e até mesmo vídeos nas redes sociais que estimulam jovens a praticar o exercício físico. Devemos buscar essa alternativa, pois sabemos que a atenção das crianças está muito voltada ao celular”, explica Zattar.

Segundo o médico, é também necessário novamente levar em consideração que os filhos são espelho dos pais. “Se o pai ou mãe fica o dia inteiro no celular, computador e televisão porque seu filho faria diferente? Eles devem dar o devido exemplo. O cérebro da criança trabalha de forma lúdica, ou seja, ela se estimula quando é imposto um desafio e uma brincadeira. Torne a alimentação saudável e o esporte algo desafiador e lúdico para elas. Mas sabemos que não é nada fácil”, finaliza João Zattar.
 

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