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Ciência e Saúde

Acidentes de moto têm impacto direto na saúde pública

Médico afirma que acidentes com motociclistas têm sido recorrentes na região e explica como isso afeta o atendimento hospitalar (Foto: Arquivo/Ilustração)

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Acidentes de trânsito envolvendo motociclistas deixaram 2,5 milhões de pessoas com invalidez permanente em dez anos no Brasil. Além dos próprios acidentados, o setor de saúde é certamente um dos mais prejudicados, como mostra um índice do Ministério da Saúde. Em 2016, os acidentes de trânsito no Brasil causaram 180.443 internações pelo SUS (Sistema Único de Saúde) ao custo total de R$ 253,2 milhões.

O médico ortopedista, Dr. Elicimar Luis Beltran Martins, afirmou que tem sido bastante comum acidentes com motociclistas no litoral do Paraná. “Porque é um meio de transporte barato, rápido, não precisa muito espaço para estacionar e facilita muito no trânsito. Por ter todo o corpo exposto na moto, a pessoa se torna o para-choque do veículo. Os traumas mais comuns são os de membros inferiores, principalmente perna, pé e tornozelo, além de mão e punho”, explicou o médico.

Alguns itens podem ajudar a proteger os motociclistas, mas não são amplamente usados devido ao custo.

“A moto pode ter alguns dispositivos de segurança como o ‘mata cachorro’, que protege as pernas. Algumas motos possuem proteção para as mãos e punho, um metal que vai à frente. Tudo isso encarece porque é um artigo opcional no veículo. Mas, os motociclistas são atingidos na parte lateral traseira e temos que pensar que eles estarão, muitas vezes, no ponto cego de outros veículos, portanto mais vulneráveis”, pontuou o médico.

Outros meios de proteção também podem contribuir para a segurança dos motociclistas, como capacete, luvas, roupas mais grossas e não usar chinelo. “Tudo isso ajudaria, mas principalmente se atentar para a sinalização, se puder usar jaqueta e capacete refletivos, lanternas sempre funcionando, tudo isso já ajuda um pouco mais”, afirmou Dr. Elicimar.

IMPACTO NO ATENDIMENTO

Todo o atendimento que envolve trauma geral é realizado no Hospital Regional do Litoral (HRL).

“O que a gente vê é que quando essas emergências chegam, aqueles pacientes que estão aguardando para outro tipo de cirurgia que não ofereça risco de vida ou complicações, são postergados e precisam aguardar mais tempo. O número de leitos já é limitado para a quantidade de usuários do SUS que a gente tem na região”, abordou o ortopedista.

Segundo o médico, para mudar essa realidade é importante que haja mais conscientização dos motoristas. “Temos que nos conscientizar que o maior é responsável pelo menor em se tratando de veículos. Se a gente olhar duas ou três vezes para atravessar um cruzamento, antes de cruzar um sinal mesmo que esteja verde, andar dentro dos limites de velocidade, tudo isso já diminuiria o impacto”, analisou Dr. Elicimar.

RECUPERAÇÃO DOS PACIENTES

O tempo médio de recuperação de motociclistas que se envolvem em acidentes é de três meses a um ano.

“São pelo menos três meses que a pessoa ficará fora das atividades de trabalho, recebendo um salário diminuído que vem do INSS com descontos, tendo que se afastar da sua rotina de casa também, pois fica incapacitado de muitas coisas”, esclareceu Dr. Elicimar.

Já traumas mais graves, como fraturas expostas ou que tenham deformidades que precisam de mais de uma cirurgia, o prazo aumenta para pelo menos seis meses até um ano. “Tudo isso encarece o sistema de saúde, o previdenciário, mas principalmente tira a qualidade de vida da pessoa envolvida. Isso tudo não conseguimos medir muitas vezes porque não é o dia a dia de todo mundo, mas quando estamos na linha de frente, no atendimento a essas pessoas, quando passam de motociclistas para pacientes, aí se dão conta do quanto isso impacta na vida de toda a família”, concluiu o médico.

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