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Cidadania

Lideranças negras comentam sobre a igualdade racial

Semana na Consciência negra tem debatido a questão em todo o Brasil

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O mês de novembro é marcado por várias ações em torno da valorização da cultura negra. Em razão disso, muitas instituições de ensino realizam a Semana da Consciência Negra com palestras e exposições debatendo sobre a introdução dos negros na sociedade brasileira. 

A data é comemorada em 20 de novembro como uma homenagem a Zumbi dos Palmares, no dia em que ele morreu, lutando pela liberdade do seu povo no Brasil, em 1695. A Unespar e a IFPR, localizadas em Paranaguá, estão realizando uma série de debates com autoridades e lideranças, além de apresentações culturais sobre a questão étnica. 

LUTA É LONGA 


Lucélia Salgado realiza palestras de conscientização em escolas 

Para a presidente do movimento negro do litoral, Lucélia Salgado, o Dia da Consciência Negra faz a sociedade refletir sobre igualdade e diferenças étnicas.

“Realizamos atividades para que nunca mais cometamos o erro de escravizar outro ser humano, uma vez que somos todos iguais. Assim como nos remete a divulgar e valorizar a cultura e arte desse povo tão guerreiro que ajudou na construção desse belo País. Temos ido às escolas levando a mensagem de conscientização há mais de 10 anos e hoje observamos a redução do preconceito, mas a luta ainda é longa, porque a escravidão foi longa, e hoje estamos tentando reparar esse erro frente às novas gerações”, destacou. 

 

PRECONCEITO E RACISMO


Tiago Nascimento é cineasta e produz documentários sobre o tema e atua na Frente Afro do Litoral 

Para o cineasta Tiago Nascimento, o qual atua na Frente Afro do Litoral (FAL), a Semana da Consciência Negra é uma data muito especial para os afrodescendentes.

“Temos avançado muito durante esses anos, mas ainda há muito a se fazer principalmente na questão étnico-racial pois passamos por 400 anos de escravidão e 131 anos pós-abolição. Uma das coisas que nós estamos fazendo é buscar informar as pessoas por meio de palestras que ainda existe a questão do preconceito e racismo. Só na OAB, com Dr. Ivan Camargo, que é presidente da comissão da igualdade racial, ouvimos quase 750 casos de preconceito e racismo aqui no litoral nos últimos anos”, apontou.

Tiago destaca ainda que essas estatísticas impulsionam o movimento a atuar com mais afinco. “Temos produzido documentários que abordam essa temática, buscando valorizar a cultura afro, mostrando a importância da raça para a formação da sociedade brasileira”, apontou

 

HERANÇA DA ESCRAVIDÃO 


Wagner Peixoto é rapper e participa de movimentos sociais em Paranaguá 

Quem também atua ativamente na causa é o rapper Wagner Peixoto, conhecido como Wag, estudante de licenciatura em Ciências Sociais. Para ele, o Dia da Consciência Negra é um convite a refletir sobre a formação do Brasil e o papel central que os negros tiveram na construção do País. 

“A história do Brasil foi montada sob o signo da escravidão. Nos dias de hoje, ainda é possível perceber as marcas desse período escravista que refletiu gravemente na mentalidade, na estruturação e no comportamento – uma má vontade para ficar em uma adjetivação menos radical da sociedade brasileira em relação ao negro. Após a abolição da escravidão, o Estado brasileiro não tratou de incorporar o negro, muito pelo contrário, tratou de estimular uma política de imigração branca, concedendo inclusive terras, para substituir a mão de obra antes escravista pelo dito trabalho livre, não restando ao negro nem mesmo um pedaço de chão para garantir a sua dignidade e subsistência. Dado esse processo, os negros foram jogados para a situação de subemprego, de moradia precária e ficaram submetidos a uma lógica repressiva e violenta que faz com que o negro seja uma vítima em potencial até os dias de hoje”, ressaltou.

Para Wag, reivindicar essa data é importante para a garantia de políticas afirmativas como as cotas raciais. “

As cotas raciais tão atacadas publicamente nada mais são do que uma reparação histórica da dívida que o Estado brasileiro tem para com os negros. Essa data não aponta apenas para o passado, que precisa sim ser amplamente discutido, mas busca aproximar toda a comunidade negra e chamar a atenção da sociedade para as potencialidades do negro. Em especial no campo da educação, que é uma das principais ferramentas de transformação social, capaz de romper com o preconceito e com o racismo, que são pai e mãe da desigualdade social tão gritante no País”, complementa.  

 

AVANÇOS NA IGUALDADE RACIAL

 
Edicélia Souza ministra oficinas sobre assuntos afros e atua nas politicas públicas pela igualdade 

Para a professora Edicélia Souza, a qual é doutoranda em Políticas Públicas, o mês de novembro lembra a história heroica de Zumbi dos Palmares.

“Ele foi um homem que com bravura libertava os cativos da escravização, irmãos castigados e subjugados por sua cor de pele. Em nosso litoral avançamos muito com os trabalhos de igualdade racial. E o nosso propósito principal é criarmos um departamento de representatividade da raça negra em nossa Secretaria de Educação. Por isso em nome das crianças negras das séries iniciais fazemos um apelo para que seja instituído este departamento para que possamos trabalhar a lei 10.639/2003”, reforçou.

De acordo com Edicélia, existe um calendário bem vasto nas escolas voltado a trabalhar a temática afro-brasileira. “Nesta semana, estive no Núcleo Regional de Educação para divulgar o evento que vamos realizar em Pontal do Paraná no dia 22. E no último dia 19, ministrei uma oficina de turbantes na Unespar. É sempre um grande prazer poder colaborar com a sociedade levando um pouco da nossa cultura”, finaliza. 
 

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