Val D’Osne

Em 1834, Jean Pierre Victor André solicitou ao rei francês autorização para construir seu alto-forno próximo ao riacho Osne. O governo favorecia a burguesia e a industrialização desregulamentada, assim, Jean conseguiu a aprovação real e a Val d’Osne começou a funcionar em 1836, quando revoltas populares incendiavam o solo francês. Mathurin Moreau ainda era um jovem aprendiz de seu pai.

Nascido em 1822 e criado entre artistas, Moreau entrou na Escola de Belas Artes de Paris e nos ateliês de Jules Ramey e de Auguste Dumont, recebendo premiações pelas suas obras e aparentemente mantendo-se afastado das ebulições sociais que sacudiam a França. Após 1849 trabalhou com a Val d’Osne, ajudando a mudar o mercado dos monumentos artísticos, principalmente quando o prefeito Haussmann transformou a capital parisiense. Chegou a ser administrador das Val d’Osne e prefeito de um distrito em Paris, cidade que possui uma avenida com o nome de Moreau. Muitos criticaram este tipo de arte, afirmando que o ferro gerava apenas aberrações, mas vários artistas passaram a criar seus modelos e as fundições cresceram junto com o poder da burguesia.

Produzir arte em ferro a partir da obra de um artista era novidade e a parceria de Moreau com a Val d’Osne foi essencial para esta história. Ele e outros artistas criaram centenas de modelos exportados para todo o ocidente. As peças eram apresentadas em catálogos bem trabalhados e detalhados, constituindo uma obra de arte à parte. A Val d’Osne cresceu a ponto de suas instalações formarem uma verdadeira cidadela com obras de ferro espalhadas pela avenida principal e preenchendo os diversos galpões. Ela se tornou a fundição artística mais importante de sua época e possivelmente o chafariz de Paranaguá vinha de lá.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana