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O Teatro Paranaguense

Os paranaguenses sempre votaram um especial carinho para o teatro e cultivaram, com êxito, a difícil arte de representar, desde os primórdios da nossa historia.
O "'Teatro Paranaguense", o "Teatro Santa Celina", onde companhias líricas, vindas da Europa, faziam longas temporadas; o "Teatro Variedades" (mais tarde Cine-Teatro "Santa Helena"), onde companhias como a de Clara Weiss, Esperanza Iris e Lea Candini deslumbraram a plateia local com Operetas magníficas, atestam a continuidade, através dos tempos, do gosto de nossa gente pela arte de Talia…

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Os paranaguenses sempre votaram um especial carinho para o teatro e cultivaram, com êxito, a difícil arte de representar, desde os primórdios da nossa historia.
O "'Teatro Paranaguense", o "Teatro Santa Celina", onde companhias líricas, vindas da Europa, faziam longas temporadas; o "Teatro Variedades" (mais tarde Cine-Teatro "Santa Helena"), onde companhias como a de Clara Weiss, Esperanza Iris e Lea Candini deslumbraram a plateia local com Operetas magníficas, atestam a continuidade, através dos tempos, do gosto de nossa gente pela arte de Talia.
O Clube Literário e, mais recentemente, o Teatro Paroquial, foram as escolas onde os paranaguenses se adestraram na arte cênica, iniciada em nosso meio pelo "Grêmio Dramático" de 1838, depois pela "Sociedade Filo-Dramática", lá pelo ano de 1860, pois o Clube, em 75, fazia representar dramas desempenhados por seus sócios, no vetusto "Teatro Paranaguense", e, em 1881, construía em salões, um palco adequado, cultivando daí por diante, a arte dramática, até os dias presentes.
Conhecemos, há 30 anos atrás, ainda na antiga sede do Club Litterário, o palco onde Eurípedes Branco, coadjuvado por elementos da Sociedade,encenou peças de valor, onde nossos conterrâneos, em noitadas de gala, colheram merecidos aplausos. Já em nossos dias, na sede atual, tivemos o encantamento de assistir "A ("eia dos Cardiais", de Júlio Dantas, na magnífica interpretação de Dario Nogueira dos Santos, Joaquim Tramujas e Pedro Stengel Guimarães.
No Teatro Paroquial, com esforço e tenacidade, o professor Manoel Viana preparou e encenou diversas peças de responsabilidade, desempenhadas por Hamilton, Alfredo Salomão e outros, tendo sido notável a atuação de Zenon Silva, que se revelou um artista consumado, herdeiro dos dotes artísticos de seu genitor, João Estevão da Silva Júnior.
Em 1839, instalava-se aqui em Paranaguá o primeiro teatro, em prédio especialmente construído para esse fim, tendo duas filas de camarotes, e de plateia em declive, escavada no solo, ficando assim abaixo do nível da rua.
Nesse ano, o "Grêmio Dramático" recém-criado e integrado pelos elementos mais representativos da Sociedade, para realização do seu desiderato, adquiriu e mandou demolir vários prédios, sendo então construído no local o "Teatro Paranaguense".
Ficava ele situado à rua das Mortes (hoje Faria Sobrinho), no trecho compreendido entre as Ruas Silva Lemos e Marechal Alberto de Abreu, no ponto onde atualmente se encontram as residências dos Srs. Manuel Lopes, Cantarelli e vizinhanças. Seus fundadores: Tenente-Coronel, Manuel Francisco Correia; Comendadores, Manuel Antônio Guimarães e Manuel Francisco Correia Júnior; Capitão-Mor, Manuel Antônio Pereira e o Sargento-Mor, João Antônio dos Santos.
Durante quase meio século, teve o "Teatro Paranaguense" notável influência na vida da cidade, ora apresentando companhias dramáticas ou líricas, contratadas na Corte, ora encenando peças com o desempenho de amadores da terra, em nada inferiores, quanto ao desempenho e arte, aos melhores artistas importados.
Das grandes noitadas do velho teatro perduram, até ao presente, a lembrança da festa com que o Club Litterário, em 1877, comemorou seu V aniversário de fundação, e do espetáculo de gala, em 17 de julho de 1841, em regozijo à coroação de Dom Pedro II, seguido de recitativos e encerrado com um grandioso baile.
As representações eram cuidadosamente preparadas e as peças, escolhidas do melhor repertório da época, em virtude da exigência da culta e fidalga sociedade de então, agradavam em cheio, rezando as crônicas que "era ótima a interpretação da mor parte dos atores, não havendo inveja aos do Teatro da Corte, aparecendo as Senhoras trajadas com grande fausto, nos dias de festividades nacionais quando iam ao teatro".
Para se ter ideia do movimento teatral daquele tempo, basta dizer que, durante o segundo semestre de 1863 e o ano de 1864, foram levadas à cena nada menos de 28 peças diferentes, todas de ruidoso êxito.
Quando da inauguração do «Teatro Santa Celina», em 1884, o vetusto «Teatro Paranaguense» decaiu completamente, para ser fechado, em definitivo, e abandonado para sempre, já em ruínas, no ano de 1887.
O querido Teatro tivera noitadas de deslumbramento e glória, enchendo de poesia e encanto, meio século da vida da cidade, no desenvolvimento, incentivo e cultura artísticos de toda uma sociedade requintada e nobre.

Por: Aníbal Ribeiro Filho

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