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Lança-perfume

As autoridades municipais alteram o Carnaval popular de Paranaguá proibindo máscaras, roupas indecentes, entrudo e punindo os críticos.

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As autoridades municipais alteram o Carnaval popular de Paranaguá proibindo máscaras, roupas indecentes, entrudo e punindo os críticos. Mas por outro, uma prática atualmente considerada ilícita e até imoral, era totalmente normal aos parnanguaras do início do século XX: o carnaval de 1913 foi regado a muito lança-perfume. Segundo duas notas jornalísticas, havia “…lança perfume Vlan na Pharmacia A. Corrêa…” e “…lança perfume Rodo de 15, 30, 60 e 100 gramas…”  na Casa “Baranco”. Uma propaganda da “Papelaria Economica de Leopoldino Rocha” afirmava vender os melhores confetes e também lança perfumes variados.

Não havia o Banho a Fantasia, porém, existia outra festa uma semana antes do Carnaval, anunciando a chegada do rei Momo. De acordo com o jornal local: percorreria “as ruas, um formidável Zé Pereira, annunciando a próxima chegada do Deus-Momo; e as batalhas de conffeti e perfume travar-se-hão acessas, expansivas.

Reina grande animação entre a mocidade para o festejo carnavalesco”. Infelizmente não encontrei nenhuma descrição da festa ao Momo, para saber se realmente houve muito lança-perfume como era esperado. Mas o pré-carnaval não acontecia apenas nas ruas e no mesmo dia houve um baile domingueiro no “Club Litterario” que pode nos dar uma dica sobre o tamanho do consumo da substância: “iniciado ás 5 horas da tarde [o baile] foi até ás 10 horas da noite… houve renhida, infindável batalha de lança-perfume”.

Apesar de todas as transformações impostas pela elite política local ao carnaval de Paranaguá, o hábito de usar o lança-perfume permaneceu intacto. Provavelmente não proibiram como o entrudo, as máscaras, críticas e roupas indecentes, porque os integrantes da elite também realizavam guerras infindáveis e expansivas com o solvente. Caso contrário (se fosse uma prática exclusiva dos mais pobres) certamente seria proibida.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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