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Água na Cadeia 2

A situação complicava mais e mais a cada dia, principalmente devido ao crescimento da população…

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Na semana passada acabei invertendo o título do texto e por isso deixarei este como o número 2, um tipo de continuação. Vimos que as obras atrasadas além de gerarem diversas complicações ao município, como troca da empresa, adiamentos do início dos trabalhos, transferência de serviços para a própria prefeitura, também virou piada no Carnaval parnanguara, com um bloco de rapazes imitando a prometida colocação dos canos e assentando taquaras pelas ruas da cidade.

A situação complicava mais e mais a cada dia, principalmente devido ao crescimento da população, e o antigo sistema não suportava a demanda. No início de 1913 o contratante responsável por fornecer água à cadeia reclamou ser impossível encontrar um carroceiro para levar o líquido tão precioso, pois o “carro é assaltado pelo mulheril das casas fronteiras”, obrigando o condutor a vender água para não arrumar confusão com as mulheres da vizinhança. Porém, “quando o carroceiro se recusa a dar a quantidade maior da estipulada, é recolhido á prisão” como havia acontecido no dia anterior. Soldados acompanharam uma carroça de água da Fonte Velha até a Cadeia e durante todo o percurso o carroceiro foi insultado pelas mulheres.

O administrador da cadeia tentou resolver o problema de uma maneira que não agradou o jornal, por ser um desrespeito com os presidiários. Diariamente os presos correcionais serviam de carregadores de água para consumo da cadeia, dos soldados e de suas famílias. “A ninguém cabe transformar um cidadão que é recolhido á detenção, em servo de seus guardas” assinalou a reportagem com tons humanistas raramente vistos naquela época e até mesmo hoje. Podiam estar presos, mas isto não significava que deveriam trabalhar de graça como fornecedores de água.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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