Água em casa

Depois de tanto atraso, adiamentos e contratempos dos mais diversos – com a questão da água potável encanada virando até piada no carnaval municipal – em setembro de 1913 a promessa era disponibilidade de água para a cidade inteira no máximo em um mês. Novamente as projeções não se concretizaram. Terminou outubro e nada. A nova data para a festa de inauguração seria a véspera de Natal, uma quarta-feira.

Antes mesmo da inauguração oficial a “Empreza” iniciou as instalações residenciais, mas era necessário acompanhar a linha adutora e deste modo alguns tiveram acesso ao serviço primeiro que os outros. A Rua Júlia da Costa, por exemplo, recebeu o encanamento somente no final de março de 1914.

Buscando compensar a demora e os terríveis erros de previsão, a prefeitura instalou acessos públicos à água, como a torneira no Campo Grande assim que o encanamento chegou ao logradouro. O Porto d’Água foi agraciado com um cano aberto, sem torneira mesmo, esguichando água para todos servirem-se à vontade. No início de dezembro a prefeitura transformou este cano em um tipo de chafariz com torneiras. Também instalou um no Boulevard Serzedello. Na época Paranaguá contava com 200 domicílios utilizando água encanada e o fornecimento ocorria há dois meses sem interrupção.

Faltava apenas chegar o chafariz encomendado para a inauguração. Aqui existe uma estranha divergência nas informações. Em setembro, o jornal local anunciou a chegada da peça, inclusive afirmando ser uma bela obra de arte fabricada no Rio de Janeiro. Porém, em dezembro, segundo o mesmo jornal, a prefeitura ainda estaria esperando o monumento, que teria saído do porto carioca no dia 5 daquele mês. Realmente é uma contradição difícil de entender, mas sabemos que a inauguração acabou adiada outra vez.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana