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Entrudo e Máscaras

No início do século XX, contando com a influência de Caetano Munhoz no Governo Estadual, as autoridades locais transformavam Paranaguá.

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No início do século XX, contando com a influência de Caetano Munhoz no Governo Estadual, as autoridades locais transformavam Paranaguá. Buscavam evitar o êxodo urbano em direção ao longínquo Porto Dom Pedro II, modernizando a velha e insalubre cidade. Com o carnaval não foi diferente. Antigas práticas (de certo modo até mesmo culturais, ou pelo menos tradicionais, ou seja, que aconteciam há muito tempo) não fariam mais parte da folia carnavalesca. Uma série de proibições – contidas no conjunto de regras chamado de “Posturas Municipais do Carnaval” – atacavam diretamente duas características antiguíssimas (talvez até principais) da festa de rua dos parnanguaras: o entrudo e as máscaras.

O fiscal geral Agostinho Leandro da Costa, em nota no “Diário do Commercio”, descrevia as proibições e as consequências em caso de desobediência. Segundo o artigo 187 das Posturas Municipais, estava completamente “prohibido o jogo do entrudo” – deduzo que mesmo apenas com água – e os objetos destinados à brincadeira (em comércios ou lugares públicos) seriam apreendidos e inutilizados imediatamente. O chefe da casa, ao permitir o jogo com os transeuntes, responderia criminalmente da mesma forma que os infratores. Já o artigo 188, dá uma ideia de outros ingredientes utilizados pelos carnavalescos em 1913: polvilhos, graxa, querosene e substâncias semelhantes.

O artigo 246 atingia outras atitudes dos foliões, muito mais ligadas à moral, aos bons costumes e ao respeito pelas autoridades. Seria proibido utilizar máscaras ou roupas indecentes; fazer alegoria contra qualquer pessoa, empregados civis, militares e eclesiásticos; muito menos usar símbolos considerados ofensivos à religião (católica provavelmente). Haveria multa e o indivíduo seria acompanhado pela polícia até em casa para trocar de roupa. Se a sociedade não mudasse, o Banho a Fantasia de domingo certamente seria muito diferente.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana.

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