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Desvios comportamentais no futebol parnanguara

Estamos discutindo a chegada e o desenvolvimento do futebol na cidade, mas não devemos perder o foco principal da análise.

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Estamos discutindo a chegada e o desenvolvimento do futebol na cidade, mas não devemos perder o foco principal da análise: entender como o projeto modernista atingiu Paranaguá e os parnanguaras. Afinal, superar as características rurais, muitas vezes significava alterar comportamentos dos cidadãos. Vimos como a instalação da água encanada e dos esgotos bateu de frente com antigos hábitos locais. Clássico foi o exemplo da água da chuva: antes da água encanada, as autoridades incentivavam a coleta e o uso; entretanto, após a implantação do serviço de fornecimento pela “empreza” privada, a prefeitura criou uma lei proibindo a utilização. O mesmo serve para o carnaval popular, transformado em nome da modernização a partir de novas leis proibindo comportamentos antiguíssimos, como o “jogo de entrudo”, que em 1912 era crime.

Dentro desta perspectiva – de entender o processo de modernização em Paranaguá – o futebol é mais um exemplo do funcionamento do discurso normatizante das autoridades e dos formadores de opinião na cidade. O esporte era visto como uma importante e poderosa ferramenta de condicionamento físico e moral para ajudar na educação de crianças e adultos e assim contribuir para a criação de verdadeiros cidadãos. Os jogadores deveriam ser respeitosos, leais, trabalhar em equipe (sem espaço para individualismos) e com espírito de amizade. Rivalidades não eram bem-vindas e muito menos a violência em campo. As rígidas regras existiam para serem respeitadas e o juiz – “referee”, como ainda era chamado em inglês – deveria manter a paz e a ordem. Até mesmo as torcidas se comportavam amigavelmente!

Por tudo isso, as duas publicações do “Diário do Commercio” sobre a primeira partida do Rio Branco, evidenciando graves desvios comportamentais de jogadores e torcedores, causaram tanta confusão. Veremos na próxima semana.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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