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Choques

Quando uma nova sociedade avança sobre a antiga, visualizamos os choques de variadas formas.

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Quando uma nova sociedade avança sobre a antiga, visualizamos os choques de variadas formas. Podem ser violentos – utilizando a força policial e a legislação para mudar comportamentos indesejados – mas às vezes são sutis, como a diminuição da Rua Pecêgo Junior, em Paranaguá. Segundo nota jornalística de 1887, ela ultrapassava a região da estação ferroviária. Atualmente a maior parte chama-se Faria Sobrinho e o nome original refere-se apenas a um pequeno e muito antigo trecho perto da Fonte Velha.

No início do século XX, restaurantes, padarias e cafés chiques aproveitavam a movimentação dos trens. Não existia a Praça Fernando Amaro – criada em 1907 – e o areal entre a Pecêgo Junior, a Rua Dona Izabel (atrás da ferrovia) e o muro do cemitério da antiga Capela Nosso Senhor Bom Jesus, era chamado de largo da estação. Na outra extremidade a situação era bem diferente: bares, casas de jogo, prostituição e um cortiço apelidado de “Gavetão”, onde inclusive as prostitutas moravam e trabalhavam.

Durante a modernização de Caetano Munhoz da Rocha, a parte mais próxima da estação recebeu melhorias, até calçamento, além da patrulha moral controlando o uso da Praça Fernando Amaro. Na outra extremidade permaneciam os bailes diários no cortiço, as brigas de prostitutas e de bêbados e a falta de higiene no Gavetão. Pouco a pouco a rua diminuiu, pois os moradores acabaram desvinculando dela os seus endereços: 1905 o Literário ficava na Pecêgo Junior, mas em 1930 já estava na Faria Sobrinho; em 1939 ela ainda fazia esquina com a travessa Sete de Setembro e hoje chega apenas até a Rua Professor Cleto, duas quadras menor. A substituição gradual da colonial Rua Pecêgo Junior pela nova Faria Sobrinho serve de metáfora para o processo modernizador de Paranaguá.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

 

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