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Ano Novo

Família imigrante do Haiti destaca gratidão ao Brasil e identificação com o povo parnanguara

O haitiano Lesly, com a esposa Redline e o filho Samy, de apenas três meses, agradece o carinho do povo brasileiro e parnanguara.

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Lesly Cajuste contou a sua história de superação, agradecendo a Deus e afirmando que "todos devem correr atrás dos seus sonhos, porque a vida não é fácil, mas quem busca um dia encontra"

 

Histórias de superação são essenciais para gerar esperança em um ano novo que surge aos brasileiros. Lesly Cajuste, de 30 anos, veio ao Brasil em 2013 com dinheiro apenas para um mês de aluguel e sem falar português, entrando no País pelo Acre, vindo ao Paraná por oportunidade de emprego em Campo Largo, sendo deslocado profissionalmente para Paranaguá. Aqui descobriu que, além do Haiti, possuía outro berço, sendo recebido de braços abertos pelos parnanguaras e pela Primeira Igreja Batista, obtendo lar, emprego, trazendo para cá em 2016 sua esposa, Redline Cajuste Pierre Toussaint, e gerando ao mundo mais um brasileiro e parnanguara, o pequeno Samy Cajuste Pierre, de apenas três meses. Confira a sua história: 

Em 2013, após dificuldades enfrentadas no Haiti, como o terremoto e o desemprego gigantesco que gera pobreza no País em questão, com o envio de tropas das Forças Armadas para colaboração humanitária, Lesly viu como solução para enfrentar a miséria vir até o Brasil para trabalhar e ganhar a vida. “Decidi viajar e morar no Brasil, entrei aqui de maneira ilegal, somente conseguindo obter visto e documentos aqui na Polícia Federal, algo que era incentivado pelo Governo Federal na época para ajudar de forma humanitária o povo haitiano. Vim pela Bolívia, com visto de turista, vim até Rio Branco, no Acre, de ônibus. Tinha um amigo em Campo Largo, no Paraná, e vim ao seu encontro. Não sabia nada de português, ele me ajudou para alugar um quarto e na língua. Lá encontrei meu primeiro emprego e a empresa me mandou para Paranaguá, me encaminhando para atuar em uma construção”, comenta.

Em um primeiro momento, o haitiano passou cinco meses em Paranaguá, até o final da obra, sendo posteriormente encaminhado para Araucária e para São Paulo no período seguinte. “Viajei muito e decidi sair da empresa para ficar em um local fixo em 2014. Decidi vir para Paranaguá, pois aqui fui muito bem recebido pela Primeira Igreja Batista, colegas de trabalho e vários parnanguaras. Aqui vim e permaneci”, explica. Para obter um emprego fixo em Paranaguá, pesou o seu primeiro trabalho com empresa terceirizada de construção que prestou serviços na Viação Rocio, onde o conheciam, viram sua competência e capacidade  e deram uma vaga de emprego na empresa de transporte local. “Conversei com o pessoal e consegui entrar. Saí de lá neste ano e consegui uma outra oportunidade boa de emprego na Schutter do Brasil, uma empresa portuária local”, explica.

 

COSTUMES E ADAPTAÇÃO AO BRASIL

 

“No início foi difícil. Aqui não há escolas para ensinar português aos estrangeiros, mas o povo brasileiro é acolhedor, me ajudou a aprender a língua portuguesa no dia a dia”, comenta o haitiano. Segundo ele, um dos pontos mais divulgados internacionalmente pelo Brasil é o futebol, algo que chamou sua atenção no primeiro momento que veio ao País, percebendo a paixão do brasileiro pelos clubes nacionais e em Paranaguá especificamente pelo Rio Branco Sport Club. “Além disso, na parte da comida, no início eu não comia carne aqui, é uma forma diferente de preparo no Brasil. Mas logo me acostumei e hoje está tranquilo”, explica.

Um dos pontos essenciais para que sua nova morada se tornasse também lar de sua família foi seu matrimônio. Segundo Lesly, ele conheceu sua esposa, que até então residia no Haiti, pela Internet, namorando em um primeiro momento on-line, quando decidiu chamá-la para vir a Paranaguá. “Casei no papel no Haiti, depois fizemos a parte religiosa na Primeira Igreja Batista de Paranaguá. Este matrimônio gerou o  Samy Cajuste Pierre, nosso filho de três meses”, acrescenta. 

 

SAUDADES 

 

Segundo Lesly, a saudade do Haiti é contínua, principalmente dos seus pais e amigos. “A minha terra natal é a minha raiz, mas a saudade é atenuada com a forma como fui recebido no Brasil, especialmente pela minha igreja. A maneira como me abraçaram e a minha família. Aqui tenho mãe adotiva na Primeira Igreja Batista, que disse que era filho dela em Jesus Cristo. Tenho muitos amigos no dia a dia, no trabalho, enfim, me receberam muito bem”, ressalta. 

De acordo com ele, as dificuldades enfrentadas no Haiti são inúmeras, algo que foi intensificado com o terremoto desde 2010.  “A questão do desemprego é muito séria. Não é impossível arranjar emprego, mas falta muito e é muito difícil conseguir trabalho. Eu estava estudando no Haiti, daí pensei no meu futuro, algo que foi prejudicado pelo terremoto. Para eu ter uma vida melhor e para arranjar emprego resolvi vir ao Brasil, para ter meu sustento. Escolhi o Brasil porque o País abriu as portas para os haitianos naquele momento, com a ida das tropas e com o Governo Brasileiro incentivando a ida do nosso povo ao País”, explica.

 

IMPORTÂNCIA DE DEUS 

 

Segundo Lesly Cajuste, em sua vida Deus possui um papel essencial e serviu como alicerce para vencer suas batalhas e lutar diariamente. “A minha história é longa desde o dia que eu saí do meu País e vim ao Brasil, enfrentando inúmeras dificuldades, mas Deus já havia preparado tudo, a maneira como iriam me receber é a mão de Deus na minha vida. O povo brasileiro é abençoado por Deus. Quando eu cheguei aqui eu não sabia nada, não conhecia ninguém, na Primeira Igreja Batista eu fui bem recebido e entrei em uma família. No primeiro dia que eu fui nem falava direito o português, falava poucas coisinhas, mas mesmo assim me abraçaram e demonstraram o carinho do brasileiro”, comenta, louvando o nome de Deus, ressaltando a Primeira Igreja Batista como parte da sua família.

“O dia de amanhã só pertence a Deus. Podemos ter um sonho hoje e amanhã mudar, pois este sonho não estava nos planos de Deus. Futuramente, se Deus quiser, eu quero ir ao Haiti, não sei se para visitar ou permanecer, mas está na mão Dele. Se eu tivesse condição eu voltaria hoje, mas o Brasil já é o meu País, o País do meu filho”, complementa.

 

MENSAGEM AOS BRASILEIROS 

 

“Me sinto hoje muito feliz. Às vezes a gente olha muito para a frente e esquece de olhar para o passado. Eu cheguei ao Brasil só com dinheiro para pagar o primeiro mês de aluguel, sem falar português, com o tempo consegui vencer e hoje me sinto feliz. Tudo o que eu tenho aqui, que não é muita coisa, é o suficiente, pois eu não tinha nada. Obtive tudo isso com o meu trabalho e a isso agradeço”, afirma Lesly Cajuste, ao lado da esposa e do filho pequeno.

Por fim, ele ressalta que deseja a todos os brasileiros e parnanguaras muito sucesso, coragem e que a luta seja contínua. “Temos que correr atrás dos nossos sonhos, porque a vida não é fácil, mas quem busca um dia encontra. O Brasil passa por uma crise, mas como cristão eu sempre digo que Deus vai continuar ajudando o povo brasileiro a passar este momento, algo que já está ocorrendo, pois vejo uma redução do desemprego e melhorias no País. Ainda temos muita esperança, temos que seguir em frente sempre com fé em Deus que é o principal”, finaliza Lesly. 

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